Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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O que é a realida<strong>de</strong>?<br />
Po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os dizer que o órgão é a infra-estrutura e a música a<br />
superestrutura? (CGE, p. 76)<br />
Outras reflexões diante do pensamento marxista po<strong>de</strong>m ser vistas,<br />
principalmente, no livro Conversas com qu<strong>em</strong> gosta <strong>de</strong> ensinar. Na crônica Sobre<br />
jequitibás e eucaliptos, encontramos uma alusão à domesticação do sujeito<br />
(professor e aluno), que se submete à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> das instituições (escola), e constrói<br />
suas idéias mediante parâmetros sociais impostos por uma classe dominante.<br />
Curioso que esta fantasia continue a nos assombrar e a nos<br />
inspirar como visão, talvez, daquilo que po<strong>de</strong>ríamos ser se não<br />
tivéss<strong>em</strong>os sido domesticados. (CGE, p. 22)<br />
Relacionamos essa passag<strong>em</strong> do texto <strong>de</strong> Rub<strong>em</strong> Alves às palavras <strong>de</strong><br />
Althusser, que afirma ser a escola um dos agentes <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inação da i<strong>de</strong>ologia<br />
dominante, perpetuando as condições humanas <strong>de</strong> dominados e dominadores, e<br />
contribuindo significativamente para a domesticação do sujeito e da socieda<strong>de</strong>. Nas<br />
palavras <strong>de</strong> Althusser,<br />
A escola (mas também outras instituições do Estado, como a<br />
Igreja e outros aparelhos como o Exército) ensina o “know-how”<br />
mas sob formas que asseguram a submissão à i<strong>de</strong>ologia<br />
dominante ou o domínio <strong>de</strong> sua “prática“. Todos os agentes da<br />
produção, da exploração e da repressão, s<strong>em</strong> falar dos<br />
“profissionais da i<strong>de</strong>ologia“ (Marx) <strong>de</strong>v<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong><br />
outra estar “imbuídos“ <strong>de</strong>sta i<strong>de</strong>ologia para <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar<br />
“conscensiosamente“ suas tarefas, seja a <strong>de</strong> explorados (os<br />
operários), seja a <strong>de</strong> exploradores (capitalistas), seja a <strong>de</strong><br />
auxiliares na exploração (os quadros), seja a <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />
sacerdotes da i<strong>de</strong>ologia dominante (seus “funcionários“) etc...<br />
(ALTHUSSER, 2001, p. 58-59)<br />
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