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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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Para ex<strong>em</strong>plificar essa situação, ao tratar da palavra e da linguag<strong>em</strong><br />

como <strong>de</strong>tentoras <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r mágico, que a todos faz sucumbir, t<strong>em</strong>os, na crônica<br />

Sobre palavras e re<strong>de</strong>s, a reprodução das palavras <strong>de</strong> Wittgenstein, colocadas entre<br />

aspas. No entanto, ao introduzir a citação, Rub<strong>em</strong> Alves utiliza modalizadores --- ou<br />

seja, comentários como: curioso que... (expressão da subjetivida<strong>de</strong>), tão distante<br />

<strong>de</strong>... (intensificação da palavra distante), tivesse (modo subjuntivo, indicando dúvida)<br />

--- que faz<strong>em</strong> todo um processo <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> leitura, retirando do discurso direto<br />

sua maior aproximação da objetivida<strong>de</strong>.<br />

Outro aspecto que encontramos nessa citação, relevante neste trabalho,<br />

é o aflorar da voz do marxismo <strong>de</strong> que há s<strong>em</strong>pre uma classe dominante que<br />

subjuga outra dominada, e que a palavra (pensamento) é o fator que mantém a<br />

dominação, conforme v<strong>em</strong>os:<br />

Curioso que Wittgenstein, tão distante do mundo dos bruxos,<br />

tivesse se referido ao feitiço da linguag<strong>em</strong>, tanto que <strong>de</strong>finiu a<br />

filosofia como<br />

“uma batalha contra o feitiço que certas formas <strong>de</strong><br />

expressão exerc<strong>em</strong> sobre nós.“ (Ludwig Wittgenstein,<br />

The blue and brown books, New York, Harper, 1965, p.<br />

27) (CGE, p. 67)<br />

Um outro ex<strong>em</strong>plo é encontrado numa citação <strong>de</strong> T. S. Eliot, on<strong>de</strong> a<br />

enunciação, que antece<strong>de</strong> à citação, direciona a leitura. Essa citação aparece na<br />

crônica “Bolinhas <strong>de</strong> gu<strong>de</strong>”, quando o autor fala que é importante ser tolo, pois o tolo<br />

é aquele que pensa diferente do que a maioria pensa e repete. Rub<strong>em</strong> Alves<br />

enaltece a tolice, que propicia sonhar mais, viver cada pequeno momento bom da<br />

vida, valorizar o prazer e a felicida<strong>de</strong>, pensar o mundo diferente da i<strong>de</strong>ologia<br />

dominante. V<strong>em</strong>os uma recorrência a todo um processo <strong>de</strong> modalização na<br />

construção discursiva, que leva o leitor a aceitar que T. S. Eliot também pensava<br />

como Rub<strong>em</strong> Alves. O discurso direto, introduzido pelo uso dos dois pontos e<br />

marcado pelo uso do itálico, traz toda uma carga <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>monstrando,<br />

nas entrelinhas, o pensamento filosófico-pedagógico do autor, ressaltando<br />

sentimentos do escolanovismo espiritualista, que busca romper com a escola<br />

tradicional e propor uma escola voltada à alegria e à felicida<strong>de</strong>, e do marxismo, na

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