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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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por fim, se esta obra vai ou não se tornar um b<strong>em</strong> coletivo. A relação entre o autor<br />

literário e o grupo social se efetiva quando os el<strong>em</strong>entos individuais adquir<strong>em</strong><br />

significado social para esse grupo. Essas relações se firmam numa estrutura<br />

seguindo um viés que perpassa por três momentos:<br />

<strong>em</strong> primeiro lugar, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um agente individual que tome a si a<br />

tarefa <strong>de</strong> criar ou apresentar a obra; <strong>em</strong> segundo lugar, ele é ou não<br />

reconhecido como criador ou intérprete pela socieda<strong>de</strong>, e o <strong>de</strong>stino da obra<br />

está ligado a esta circunstância; <strong>em</strong> terceiro lugar, ele utiliza a obra, assim<br />

marcada pela socieda<strong>de</strong>, como veículo das suas aspirações individuais<br />

mais profundas (CÂNDIDO, 2000, p. 25).<br />

Mesmo consi<strong>de</strong>rando o processo <strong>de</strong> produção do texto literário, b<strong>em</strong><br />

como suas diversas funções, isso tudo não nos leva a sintetizar um conceito para o<br />

termo literatura (arte literária), pois “a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um termo como literatura não<br />

oferecerá mais que o conjunto das circunstâncias <strong>em</strong> que os usuários <strong>de</strong> uma língua<br />

aceitam <strong>em</strong>pregar esse termo” (COMPAGNON, 2003, p. 45), levando-nos a crer que<br />

um texto é literário porque é consi<strong>de</strong>rado literário para o contexto social que assim<br />

lhe atribui esta característica.<br />

Sab<strong>em</strong>os que é inegável que a literatura provoca alguns efeitos no<br />

público leitor, agindo sobre o pensamento humano, e, por assim ser, exerce algumas<br />

funções. Matos (1999) discorre sobre as diversas funções que a literatura po<strong>de</strong><br />

exercer, funções estas i<strong>de</strong>ntificadas ao longo da história. Dentre elas, t<strong>em</strong>os a<br />

literatura como representação da realida<strong>de</strong> (mimese); como catarse; como<br />

expressão <strong>de</strong> uma época ou <strong>de</strong> um povo; como evasão para construção <strong>de</strong> sentidos;<br />

como intervenção e transformação da socieda<strong>de</strong>; como arte pela arte, s<strong>em</strong> qualquer<br />

subserviência a el<strong>em</strong>entos externos, somente à própria estética; e, por fim, literatura<br />

como conhecimento, já que o autor t<strong>em</strong> o privilégio <strong>de</strong> acessar saberes inacessíveis<br />

ao hom<strong>em</strong> comum.<br />

De acordo com Cândido (1972), a literatura, como força humanizadora,<br />

exerce três funções na expressão e formação do hom<strong>em</strong>. A primeira é a função<br />

psicológica e está ligada à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ficção e fantasia do ser humano e à<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se reelaborar o real através da ficção. A segunda função é a<br />

formativa, e se dá através <strong>de</strong> inculcamentos não maniqueístas, como faz a própria<br />

vida. E, por fim, a terceira função, que é a <strong>de</strong> conhecimento do mundo e do ser, pois<br />

a literatura é uma forma <strong>de</strong> representação <strong>de</strong> uma dada realida<strong>de</strong> social e humana.<br />

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