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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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145<br />

Tratando o pensamento tolo como pensamento criativo e livre da<br />

repetição imposta pelos discursos oficiais, como o pensamento diferente e original,<br />

Rub<strong>em</strong> Alves cita Borges que, <strong>em</strong> sua velhice, dizia-se arrependido <strong>de</strong> não ter sido<br />

mais tolo na vida, ou seja, mais informal, mais livre, mais espontâneo e menos<br />

<strong>de</strong>terminado pela linguag<strong>em</strong> social.<br />

Encontramos, num primeiro momento, uma aproximação entre a<br />

afirmativa <strong>de</strong> Borges e Alves (Borges queria ter sido mais tolo / Alves quer ser mais<br />

tolo), e, num segundo momento, um afastamento entre a realida<strong>de</strong> vivida por Borges<br />

e a realida<strong>de</strong> ainda passível <strong>de</strong> ser vivida por Alves (Borges não fora tolo <strong>em</strong> sua<br />

vida / Alves ainda po<strong>de</strong> ser tolo <strong>em</strong> sua vida).<br />

O autor faz a citação como forma <strong>de</strong> negar o conteúdo do que fora citado,<br />

por meio <strong>de</strong> construções que modalizam a sua fala e a fala do outro: (ele) “se<br />

arrependia“ e “eu não quero... este arrependimento“.<br />

Jorge Luís Borges se arrependia <strong>de</strong> não ter sido mais tolo do<br />

que fora. Eu não quero morrer com este arrependimento. (AE,<br />

p. 58)<br />

4.3.2.7. Modalização indicativa <strong>de</strong> ênfase<br />

Encontramos, como modalizadores do discurso relatado, formas enfáticas<br />

<strong>de</strong> se referir ao discurso relatado, por meio <strong>de</strong> menções elogiosas e rebuscadas ao<br />

autor citado, b<strong>em</strong> como perplexida<strong>de</strong>s e enaltecimentos diante da fala do outro,<br />

sendo que <strong>em</strong> ambos os casos buscam direcionar o leitor a uma maior a<strong>de</strong>são<br />

àquela citação.<br />

Ao se referir ao filósofo Wittgenstein, Rub<strong>em</strong> Alves o faz com<br />

reconhecimento e admiração, e evi<strong>de</strong>ncia que, não somente ele, mas toda uma<br />

coletivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas reconhece o filósofo al<strong>em</strong>ão como autorida<strong>de</strong>, e utiliza<br />

expressões como “filósofo para ninguém botar <strong>de</strong>feito“ e “mestre“. Observe:<br />

Mas Wittgenstein, filósofo para ninguém botar <strong>de</strong>feito, <strong>de</strong>finia a<br />

filosofia como uma “luta contra o feitiço“ que certas palavras<br />

exerc<strong>em</strong> sobre nós. (AE, p. 34)

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