Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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SEGUNDA PARTE – O REFLEXO DAS ÁGUAS:<br />
AS ÁGUAS CLARAS E AS ÁGUAS CORRENTES<br />
57<br />
O imaginário não encontra suas raízes profundas e nutritivas<br />
nas imagens; a princípio ele t<strong>em</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma presença<br />
mais próxima, mais envolvente, mais material.<br />
A água torna-se assim, pouco a pouco, uma cont<strong>em</strong>plação que<br />
se aprofunda, um el<strong>em</strong>ento da imaginação materializante.<br />
(Gaston Bachelard, A água e os sonhos, p. 126 e p. 12)<br />
Po<strong>de</strong>mos crer que as imagens que se formam nas águas pertenc<strong>em</strong> ao<br />
grupo das evocações esquivas e fugidias, pela sua insustentabilida<strong>de</strong> diante <strong>de</strong> um<br />
meio tão fluido. Mas, por outro lado, essas imagens traz<strong>em</strong> uma materialida<strong>de</strong> mais<br />
constante que as imagens oníricas que se formam no ar, no fogo ou nos <strong>de</strong>vaneios<br />
da terra. A materialida<strong>de</strong> está naquilo que nos é revelado pela cont<strong>em</strong>plação das<br />
águas claras e seus perfumes primaveris, que se <strong>de</strong>ixam exalar pelas chuvas finas<br />
<strong>de</strong> final <strong>de</strong> tar<strong>de</strong>, ou pelo ir e vir das águas correntes que coreografam o bailar das<br />
muitas águas banhando toda a nossa imaginação.<br />
Esse processo <strong>de</strong> materialização <strong>de</strong> nossas cont<strong>em</strong>plações, nesta<br />
segunda parte, efetiva-se na aplicação do referencial teórico, já posto como as<br />
águas compostas e profundas, a este rio caudaloso <strong>de</strong> águas claras e correntes, é<br />
on<strong>de</strong> se revela o corpus do trabalho, resultando na análise da presença do outro na<br />
construção discursiva.<br />
Esta segunda parte, intitulada O reflexo das águas, está composta por<br />
dois capítulos (III e IV), consi<strong>de</strong>rados aqui como as águas claras e as águas<br />
correntes, nos quais nos ater<strong>em</strong>os à constituição e caracterização do corpus, b<strong>em</strong><br />
como à sua análise, mediante o viés teórico explicitado na primeira parte <strong>de</strong>ste<br />
trabalho.<br />
No capítulo terceiro, Lago <strong>de</strong> águas claras, registramos algumas<br />
consi<strong>de</strong>rações sobre a constituição do corpus e sobre <strong>de</strong>terminadas características<br />
do autor Rub<strong>em</strong> Alves, discorrendo sobre a sua produção literária e sobre a sua