Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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enunciado. Sab<strong>em</strong>os que os modalizadores utilizados pelo locutor revelam sua<br />
interpretação do discurso citado. E a subjetivida<strong>de</strong> recobre e envolve todo o<br />
discurso, mesmo que pareça ter sido construído sob a proteção da objetivida<strong>de</strong>.<br />
Para Maingueneau (2001, p.150), “no discurso indireto há apenas uma<br />
situação <strong>de</strong> enunciação; as pessoas e os dêiticos espaço-t<strong>em</strong>porais são<br />
i<strong>de</strong>ntificados, com efeito, <strong>em</strong> relação à situação <strong>de</strong> enunciação do discurso citante“,<br />
Assim, o discurso citante é que impõe o contexto da interpretação do discurso<br />
citado, ao escolher os dêiticos, as <strong>de</strong>signações e as avaliações que lhe for<strong>em</strong> mais<br />
a<strong>de</strong>quadas.<br />
V<strong>em</strong>os que tanto o discurso direto como o discurso indireto possu<strong>em</strong> uma<br />
carga <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong> implícita, posta consciente ou inconscient<strong>em</strong>ente pelo locutor,<br />
que assim po<strong>de</strong> direcionar, segundo seus propósitos e intenções, o conteúdo do<br />
discurso relatado, afetando o comportamento do alocutário na interpretação da<br />
citação.<br />
Ainda é pertinente esclarecer que discurso indireto e discurso direto são<br />
duas estratégias in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> se utilizar o discurso relatado, e, mesmo citando<br />
um igual enunciado, não traz<strong>em</strong> uma coincidência na transmissão da citação, pois<br />
cada um <strong>de</strong>les possui características e estratégias <strong>de</strong> enunciação própria,<br />
funcionando segundo esqu<strong>em</strong>as enunciativos específicos.<br />
Há também outras possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> manifestação do discurso relatado,<br />
por meio <strong>de</strong> citação, que não os discursos direto e indireto. Tratam-se <strong>de</strong><br />
manifestações que subjaz<strong>em</strong> aos discursos direto e indireto (MAINGUENEAU, 2001,<br />
p. 137-155), tais como: o discurso direto s<strong>em</strong> aspas, o enunciador genérico, o<br />
discurso direto livre, as formas híbridas do discurso indireto - as ilhas enunciativas, o<br />
discurso direto com “que“, e também o discurso indireto livre e o resumo com<br />
citações.<br />
Por assim ser, enten<strong>de</strong>mos que há diversas formas <strong>de</strong> se representar o<br />
discurso relatado num discurso, e que todas essas estruturas formais são realizadas<br />
por meio <strong>de</strong> numerosos recursos <strong>de</strong> enunciação, que operam <strong>de</strong> acordo com as<br />
possibilida<strong>de</strong>s enunciativas que cada locutor possui. Na seqüência tratar<strong>em</strong>os <strong>de</strong><br />
algumas expressões modalizadoras que se evi<strong>de</strong>nciam no corpus próprio <strong>de</strong> nossa<br />
análise.<br />
Outras formas <strong>de</strong> apresentação das citações, num discurso citante,<br />
também funcionam como recursos <strong>de</strong> construção discursiva, sendo um indicativo da<br />
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