Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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119<br />
No último texto que compõe o livro, Qualida<strong>de</strong> total <strong>em</strong> educação, o autor<br />
recorre a Barthes, para referendar seu pensamento <strong>de</strong> que a qualida<strong>de</strong> da educação<br />
está naquilo que é realizado com amor, com alma, e que dá prazer ao corpo,<br />
afirmando que “o que é bom dá prazer. O que é ruim faz sofrer“ (ALVES, 1995a. p.<br />
118).<br />
Nesta crônica, a idéia da felicida<strong>de</strong> e do prazer <strong>em</strong> ensinar e apren<strong>de</strong>r,<br />
constitutiva do pensamento pedagógico <strong>de</strong> Rub<strong>em</strong> Alves, firmado no escolanovismo<br />
espiritualista, é posta com muita ênfase. O texto exprime um pensamento <strong>de</strong> que só<br />
com alegria e prazer a educação é capaz <strong>de</strong> transformar a socieda<strong>de</strong>; caso contrário<br />
estará somente reproduzindo essa socieda<strong>de</strong>, pois “o objetivo do saber é aumentar<br />
as nossas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sentir sabor“ (p. 124). A epígrafe a que nos referimos é:<br />
“Sapientia: nenhum po<strong>de</strong>r,<br />
Um pouco <strong>de</strong> saber,<br />
o máximo <strong>de</strong> sabor...“<br />
(Roland Barthes) (CGE, p. 115)<br />
Constatamos que as seis citações epígrafe, incluídas na abertura <strong>de</strong> cada<br />
crônica, estão harmonicamente representando o conteúdo ou parte do conteúdo<br />
<strong>de</strong>senvolvido <strong>em</strong> cada texto <strong>em</strong> questão, exercendo dois papéis básicos: buscar a<br />
palavra <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> para referendar as idéias <strong>de</strong>senvolvidas e buscar uma a<strong>de</strong>são<br />
natural do interlocutor aos pensamentos abordados no texto.<br />
Constatamos ainda a presença das vozes sociais, representando o<br />
plurilingüismo dos escritos <strong>de</strong> Rub<strong>em</strong> Alves, que se filiam basicamente ao<br />
pensamento do marxismo e do escolanovismo, <strong>em</strong> sua vertente espiritualista,<br />
respectivamente encontrados ao se referir a uma não reprodução, na escola, da<br />
dominação <strong>de</strong> classes, e da construção <strong>de</strong> uma escola voltada à alegria e ao prazer<br />
<strong>em</strong> ensinar e apren<strong>de</strong>r, como inerentes à cultura escolar.<br />
Há também a função <strong>de</strong> representar uma cultura comum à socieda<strong>de</strong> e,<br />
assim, buscar uma interação e concordância entre as pessoas, sendo isso uma<br />
característica específica da citação <strong>de</strong> cultura que abordar<strong>em</strong>os na seqüência.