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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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Platão, entre os gêneros lírico, épico e dramático, que perdura até os dias atuais,<br />

po<strong>de</strong>mos classificar cada obra literária.<br />

Sab<strong>em</strong>os dos limites que esta classificação proporciona, pois o texto<br />

literário po<strong>de</strong> transitar entre esses gêneros ou mesmo não se filiar a nenhum <strong>de</strong>les.<br />

A crônica é um <strong>de</strong>sses casos, pois apresenta algumas particularida<strong>de</strong>s, que a faz<strong>em</strong><br />

se voltar tanto para as marcas próprias do texto literário como para as marcas do<br />

texto não-literário.<br />

Na história da evolução dos textos escritos, a crônica, que outrora possuía<br />

um caráter histórico <strong>de</strong> relato <strong>de</strong> fatos, na Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> adquire um cunho mais<br />

pessoal, próximo ao <strong>de</strong>poimento, per<strong>de</strong>ndo sua imposição histórica e transformando-<br />

se numa produção do registro do cotidiano e do pensamento reservado. Sab<strong>em</strong>os<br />

também que, na Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna, as crônicas aparec<strong>em</strong> comumente nas páginas dos<br />

jornais e só posteriormente é que são reunidas <strong>em</strong> livros, num intuito <strong>de</strong> dar uma<br />

maior perenida<strong>de</strong> ao texto produzido.<br />

Para Assis Brasil (1979), uma das características da crônica, que se<br />

perdura através dos t<strong>em</strong>pos, é o seu caráter <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimento pessoal, com estilo e<br />

pontos <strong>de</strong> vista individuais. Comumente, seu autor <strong>de</strong>screve acontecimentos da<br />

atualida<strong>de</strong>, refletindo sobre o comportamento social <strong>em</strong> todas as suas instâncias, e<br />

não é incomum a exploração <strong>de</strong> um tom <strong>de</strong> humor ou sarcasmo, b<strong>em</strong> como <strong>de</strong><br />

crítica social.<br />

Nessa compreensão, consi<strong>de</strong>rando as particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> elaboração da<br />

crônica, faz-se necessário que um estudo lingüístico <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> texto consi<strong>de</strong>re<br />

fundamentalmente seus aspectos estruturais e funcionais, b<strong>em</strong> como a situação <strong>em</strong><br />

que é produzida, visto que isso é o <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> suas características.<br />

Nos manuais <strong>de</strong> teoria literária a intenção pre<strong>em</strong>inente da crônica não é<br />

pedagógica, n<strong>em</strong> é o estabelecimento <strong>de</strong> um confronto com o seu interlocutor. Isso,<br />

no entanto, não se aplica ao corpus a ser analisado, visto que Rub<strong>em</strong> Alves<br />

<strong>de</strong>nomina crônicas as reflexões pontuais, prioritariamente pedagógicas, que<br />

constitu<strong>em</strong> as obras <strong>em</strong> análise. Tais textos caracterizam-se pela busca incessante<br />

<strong>de</strong> uma a<strong>de</strong>são do leitor, b<strong>em</strong> como uma diss<strong>em</strong>inação das convicções filosófico-<br />

pedagógicas do autor.<br />

A opção por essa modalida<strong>de</strong> textual mostra-se particularmente produtiva,<br />

uma vez que se apresenta mais atraente do que a mera pregação doutrinária. Prova<br />

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