Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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evocando vozes do marxismo, pertinentes ao processo <strong>de</strong> “domesticação“ dos seres<br />
humanos, que, para Althusser, t<strong>em</strong> reflexos tanto na classe dominada quanto na<br />
classe dominadora.<br />
Não será verda<strong>de</strong> que o propósito <strong>de</strong> toda a educação é a<br />
domesticação do corpo? Não será verda<strong>de</strong> que este é um<br />
programa <strong>de</strong> natureza política, e que, como tal, <strong>de</strong>scansa sobre<br />
uma i<strong>de</strong>ologia? (CGE, p. 46)<br />
A essência da afirmativa <strong>de</strong> Rub<strong>em</strong> Alves, ou seja, a dominação do<br />
sujeito como propósito da educação, po<strong>de</strong> ser encontra <strong>em</strong> Althusser, quando este<br />
reflete sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se ter “regras“ sociais que domestiqu<strong>em</strong> o ser<br />
humano, <strong>de</strong> forma a inseri-lo e adaptá-lo ao processo <strong>de</strong> dominação <strong>de</strong> classes.<br />
Vejamos:<br />
Apren<strong>de</strong>m-se na escola as “regras“ do bom comportamento,<br />
isto é, as conveniências que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser observadas por todo<br />
agente da divisão do trabalho conforme o posto que ele esteja<br />
“<strong>de</strong>stinado“ a ocupar; as regras <strong>de</strong> moral e <strong>de</strong> consciência<br />
cívica e profissional, o que na realida<strong>de</strong> são regras <strong>de</strong> respeito<br />
à divisão social-técnica do trabalho e, <strong>em</strong> <strong>de</strong>finitivo, regras da<br />
or<strong>de</strong>m estabelecida pela dominação <strong>de</strong> classe. (ALTHUSSER,<br />
2001, p. 58)<br />
O pensamento althusseriano é reproduzido, nas consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Rub<strong>em</strong><br />
Alves, s<strong>em</strong> uma indicação explícita ao discurso <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>, havendo somente a<br />
marca indicativa da voz do outro pelo uso do itálico. Isso <strong>de</strong>monstra que, para o<br />
autor, a leitura <strong>de</strong> Aparelhos i<strong>de</strong>ológicos <strong>de</strong> Estado po<strong>de</strong> ser recorrente aos seus<br />
leitores e não mais necessita <strong>de</strong> indicações bibliográficas. Essa construção<br />
discursiva aproxima-se da heterogeneida<strong>de</strong> mostrada e marcada, trazendo a<br />
condição <strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> entre o discurso do autor e <strong>de</strong> Althusser (Marx).<br />
Vozes próprias do escolanovismo aparec<strong>em</strong> intrínsecas a quase toda<br />
produção discursiva que compõe o corpus <strong>de</strong>sta análise. Destacar<strong>em</strong>os alguns<br />
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