Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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Rub<strong>em</strong> Alves cita Fernando Pessoa para sustentar a idéia <strong>de</strong> que o<br />
pensamento e a palavra são próprios da manifestação daquilo que não é material,<br />
pois “a palavra é o test<strong>em</strong>unho <strong>de</strong> uma ausência. Como tal, ela possui uma intenção<br />
mágica, a <strong>de</strong> trazer à existência o que não está lá...“ (ALVES, 1995a, p. 48). Logo<br />
após a citação, como forma <strong>de</strong> entr<strong>em</strong>ear o seu pensamento com o discurso citado,<br />
concordando com ele, o autor afirma: “Correto“, numa breve e incisiva frase,<br />
indicando que, realmente, a afirmativa <strong>de</strong> Pessoa é verda<strong>de</strong>ira, e, por conseguinte, a<br />
sua também o é:<br />
Diz Fernando Pessoa que “pensamento é doença dos olhos“.<br />
Correto. O pensamento se insinua on<strong>de</strong> a visão falhou. Ou<br />
on<strong>de</strong> o ouvido, e o olfato, e a língua e a pele falharam. (CGE,<br />
p. 48)<br />
Entendido também como forma <strong>de</strong> sustentar seu discurso no discurso do<br />
outro, e usando a idéia <strong>de</strong> partilhar da mesma concepção, aparece diversas vezes o<br />
verbo “concordar“, usado como modalizador do discurso citado. Na crônica Escola e<br />
sofrimento, Rub<strong>em</strong> Alves fala do <strong>de</strong>sprazer dos alunos <strong>em</strong> freqüentar as escolas, por<br />
estas estar<strong>em</strong> <strong>de</strong>svinculadas da realida<strong>de</strong> dos educandos e por não proporcionar<strong>em</strong><br />
prazer naquilo que é ensinado e aprendido. Como forma <strong>de</strong> dizer que ele (o autor)<br />
não é o único, n<strong>em</strong> mesmo o primeiro, a dizer que o aluno não gosta <strong>de</strong> estar na<br />
escola, recorre a uma afirmação <strong>de</strong> Paul Goodmann, e afirma apenas que concorda<br />
com esse dito:<br />
Concordo com Paul Goodmann na sua afirmação <strong>de</strong> que a<br />
maioria dos estudantes nos colégios e universida<strong>de</strong>s não<br />
<strong>de</strong>sejam estar lá. Estão porque são obrigados. (AE, p. 16)<br />
A ocorrência do verbo “concordar“, usado como modalizador do discurso<br />
citado, po<strong>de</strong> ser encontrada <strong>em</strong> outras passagens do corpus. Nas crônicas Sobre<br />
palavras e re<strong>de</strong>s e Sobre r<strong>em</strong>adores e professores, t<strong>em</strong>os o verbo “concordar“<br />
<strong>de</strong>monstrando que a fala citada, além <strong>de</strong> ser uma verda<strong>de</strong> dita por uma autorida<strong>de</strong>,<br />
conta com a concordância <strong>de</strong> Rub<strong>em</strong> Alves, que também pensa assim quanto aos<br />
assuntos <strong>em</strong> questão: primeiramente uma reflexão sobre a educação e linguag<strong>em</strong>,