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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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CAPÍTULO IV – O FLUXO DAS ÁGUAS CORRENTES<br />

75<br />

Diante das águas, Narciso t<strong>em</strong> a revelação <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e<br />

<strong>de</strong> sua dualida<strong>de</strong>, a revelação <strong>de</strong> seus duplos po<strong>de</strong>res viris e<br />

f<strong>em</strong>ininos, a revelação, sobretudo, <strong>de</strong> sua realida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> sua<br />

i<strong>de</strong>alida<strong>de</strong>.<br />

(Gaston Bachelard, A água e os sonhos, p. 25)<br />

A água revela a imag<strong>em</strong> que se <strong>de</strong>bruça às suas margens, que paira<br />

sobre sua face, que percorre o seu caminhar; e a correnteza arrasta as imagens pela<br />

imensidão afora, num movimento impreciso, tão impreciso como o falar. O que se vê<br />

num espelho d’água é o reflexo imagético, meio distorcido, meio disforme, <strong>de</strong> um<br />

corpo, <strong>de</strong> uma idéia, <strong>de</strong> um saber. Por mais límpida e cristalina que seja, a água não<br />

diz tudo. Entretanto, ela t<strong>em</strong> o po<strong>de</strong>r soberano <strong>de</strong> libertar os pensamentos mais<br />

escondidos, que escapam das profun<strong>de</strong>zas e põ<strong>em</strong>-se a nos olhar fundo nos olhos.<br />

Refletindo <strong>em</strong> nossas retinas, as essências revelam o saber das águas,<br />

entrelaçando o real com o i<strong>de</strong>al. E as águas correntes se vão, num fluxo contínuo,<br />

s<strong>em</strong> se <strong>de</strong>ixar<strong>em</strong> pren<strong>de</strong>r: a água é o princípio da natureza das coisas, essência<br />

primária <strong>de</strong> uma eterna ilusão.<br />

Reservamos este quarto capítulo para melhor compreen<strong>de</strong>r o fluxo das<br />

águas correntes que, com seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>svelar os pensamentos, traz<strong>em</strong> à tona<br />

evidências que possibilitam a ação <strong>de</strong> uma análise <strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente lingüística do<br />

corpus, permitindo que a água revele sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, seus anseios e suas<br />

aspirações.<br />

Num constante navegar pelas águas contínuas, que representam o<br />

conteúdo <strong>de</strong>sta dissertação, nos entregamos, na busca <strong>de</strong> uma precisão, ao<br />

impreciso movimento <strong>de</strong>ssas águas.<br />

Assim, este capítulo está dividido <strong>em</strong> três itens, por meio dos quais<br />

proce<strong>de</strong>mos uma análise, pautada nos estudos da linguag<strong>em</strong>, na heterogeneida<strong>de</strong><br />

evocada pelas vozes que se entrecruzam <strong>em</strong> um discurso, nas ativida<strong>de</strong>s e<br />

funcionamento pertinentes às citações, e no processo <strong>de</strong> modalização que compõe<br />

o entorno da construção discursiva, b<strong>em</strong> como <strong>de</strong> algumas posições assumidas pelo<br />

locutor diante do discurso produzido.

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