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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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L<strong>em</strong>bram-se das palavras <strong>de</strong> Valéry? “O pensamento é o<br />

trabalho que faz viver <strong>em</strong> nós aquilo que não existe.“ E ele<br />

pergunta: “Mas, que somos nós s<strong>em</strong> o socorro do que não<br />

existe?“ (AE, p. 67)<br />

L<strong>em</strong>bre-se do que disse Valéry: O pensamento é, <strong>em</strong> resumo,<br />

o trabalho que faz viver aquilo que não existe! (AE, p. 79)<br />

106<br />

Na crônica Sobre o dizer honesto, Rub<strong>em</strong> Alves afirma ser o corpo a<br />

entrada da alma, e a dor e o prazer os fundamentos do pensamento. Já a economia,<br />

ele afirma ser a luta do hom<strong>em</strong> com o mundo, hom<strong>em</strong> que é corpo e quer<br />

transformar o mundo inteiro numa extensão do corpo. E para sustentar o aspecto<br />

materialista <strong>de</strong>sse pensamento, o autor recorre às palavras <strong>de</strong> Marx, introduzidas<br />

por uma expressão <strong>de</strong> distanciamento: “Pelo menos é assim que aprendi <strong>de</strong> Marx“,<br />

evi<strong>de</strong>nciando que o pensamento <strong>de</strong> Marx está incutido no seu, conforme segue:<br />

Pelo menos é assim que aprendi <strong>de</strong> Marx.<br />

“A universalida<strong>de</strong> do hom<strong>em</strong> aparece na ativida<strong>de</strong> prática<br />

universal pela qual ele transforma a totalida<strong>de</strong> da<br />

natureza no seu corpo inorgânico. (...) A natureza é o<br />

corpo inorgânico do hom<strong>em</strong>... Dizer que o hom<strong>em</strong> vive da<br />

natureza é dizer que a natureza é o seu corpo, com o qual<br />

ele <strong>de</strong>ve estar <strong>em</strong> trocas constantes, a fim <strong>de</strong> não morrer.“<br />

(Karl Marx, Manuscritos Filosóficos e Econômicos,<br />

parágrafo XXIV) (CGE, p. 44)<br />

Um outro ex<strong>em</strong>plo do uso da citação <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, como indicativo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> vozes, po<strong>de</strong> ser encontrado na seqüência <strong>de</strong>ssa mesma crônica,<br />

quando o autor trata do propósito da educação. Rub<strong>em</strong> Alves afirma que o propósito<br />

<strong>de</strong> toda a educação é a domesticação do corpo, <strong>de</strong> natureza política, que <strong>de</strong>scansa<br />

sobre uma i<strong>de</strong>ologia, <strong>de</strong>monstrando nitidamente a presença do pensamento<br />

marxista sobre a domesticação do corpo (ser) e do pensamento althusseriano que<br />

reduz toda ação a i<strong>de</strong>ologias, sendo novamente indicativos do plurilingüismo<br />

dialogizado <strong>de</strong> Bakhtin (2002c).

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