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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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por meio <strong>de</strong> outros discursos prévios. Essa autora, ratificando o pensamento<br />

bakhtiniano, afirma que<br />

Todo discurso forma parte <strong>de</strong> uma história <strong>de</strong> discursos: todo discurso é a<br />

continuação <strong>de</strong> discursos anteriores, a citação explícita ou implícita <strong>de</strong><br />

prévios. Todo discurso é suscetível, por sua vez, <strong>de</strong> ser introduzido <strong>em</strong><br />

novos discursos, <strong>de</strong> constituir parte <strong>de</strong> uma classe <strong>de</strong> textos, do corpo<br />

textual <strong>de</strong> uma cultura (1984, p. 42).<br />

Em Bakhtin (2002a), encontramos a concepção <strong>de</strong> que todo discurso<br />

comporta dois acontecimentos enunciativos, o discurso citante e o discurso citado,<br />

numa relação <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong> na produção <strong>de</strong> significados. Mesmo que esse<br />

processo <strong>de</strong> construção discursiva seja negado ou rejeitado pelo seu locutor, há a<br />

presença velada e muitas vezes inconsciente do discurso do outro num discurso que<br />

se enuncia.<br />

Entretanto, não se trata <strong>de</strong> uma mera reprodução <strong>de</strong> um discurso já dito,<br />

ou <strong>de</strong> uma justaposição <strong>de</strong> enunciados. Bakhtin (2002a) firma-se na idéia <strong>de</strong> que um<br />

discurso, apesar <strong>de</strong> já ter sido anteriormente proferido, é s<strong>em</strong>pre novo, visto que<br />

uma citação retirada <strong>de</strong> seu contexto inicial <strong>de</strong> produção jamais po<strong>de</strong>rá ser<br />

reproduzida com seu significado primeiro, mas ao ser inserida num outro contexto <strong>de</strong><br />

enunciação produzirá novos significados, “o discurso citado é o discurso no discurso,<br />

a enunciação na enunciação, mas é, ao mesmo t<strong>em</strong>po, um discurso sobre o<br />

discurso uma enunciação sobre a enunciação“ (BAKHTIN, 2002a, p. 144).<br />

Compreen<strong>de</strong>mos que o discurso citado não po<strong>de</strong> ser visto como a<br />

reprodução fiel das palavras do outro, uma vez que um discurso não mantém o<br />

mesmo significado original ao ser reproduzido <strong>em</strong> um outro discurso. Nas palavras<br />

<strong>de</strong> Reyes (1984, p. 58-59), “todo signo e todo discurso <strong>de</strong>ve ser repetível. Mas,<br />

paradoxalmente, a repetição total (a citação total) é impossível. O discurso só po<strong>de</strong><br />

repetir-se <strong>em</strong> parte: representar-se“. Essa autora comunga com a idéia <strong>de</strong> que a<br />

citação po<strong>de</strong> trazer a imag<strong>em</strong> verbal <strong>de</strong> um discurso, mas essa imag<strong>em</strong> nunca é<br />

<strong>completa</strong> e fiel, uma vez que sua produção se dá <strong>em</strong> um outro contexto, sendo<br />

impossível reproduzi-la <strong>em</strong> seu contexto original.<br />

Desta forma, mesmo que o discurso seja citado literalmente, gran<strong>de</strong> parte<br />

do entorno específico <strong>de</strong> sua produção primeira não é passível <strong>de</strong> ser reproduzido,<br />

comportando cada enunciação um “dizer“ único e intraduzível. O discurso citado<br />

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