Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
4.2.2.4. Citação-cultura<br />
120<br />
Esse tipo <strong>de</strong> citação po<strong>de</strong> ser sintetizado como a fala <strong>de</strong> uma voz<br />
proveniente da sabedoria popular, que, mesmo não sendo enunciada por uma<br />
autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> renome, acarreta uma a<strong>de</strong>são, quase que incondicional, por parte das<br />
pessoas que partilham <strong>de</strong> uma mesma cultura.<br />
As citações <strong>de</strong> cultura, <strong>em</strong>bora com menos intensida<strong>de</strong>, também<br />
aparec<strong>em</strong> no corpus analisado. Rub<strong>em</strong> Alves faz uso <strong>de</strong> ditados populares, alguns<br />
bastante conhecidos, que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> a uma sabedoria coletiva, e outros cuja autoria<br />
representa um i<strong>de</strong>ário tão popularizado que n<strong>em</strong> reconhec<strong>em</strong>os mais o seu autor.<br />
O autor, tratando <strong>de</strong> uma recordação <strong>de</strong> infância, <strong>de</strong> uma felicida<strong>de</strong><br />
adormecida, que agora retorna a sua mente, <strong>de</strong> algo invisível que se materializou <strong>em</strong><br />
um objeto, na crônica O carrinho, faz uma citação atribuída a um momento histórico<br />
e a um grupo <strong>de</strong> intelectuais, ou seja, a uma coletivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vozes que já estão<br />
imbricadas <strong>em</strong> nossa cultura, afirmando que:<br />
Os teólogos medievais diziam que o sacramento é um sinal<br />
visível <strong>de</strong> uma graça invisível. (AE, p. 98)<br />
Ao abordar suas r<strong>em</strong>iniscências da infância, na crônica Sobre jequitibás e<br />
eucaliptos, o autor fala <strong>de</strong> profissões que não exist<strong>em</strong> mais, pois a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />
con<strong>de</strong>nou-as ao <strong>de</strong>saparecimento. E, como forma <strong>de</strong> aceitação do processo<br />
científico-tecnológico, ele recorre a um ditado popular, com a seguinte construção:<br />
B<strong>em</strong> dizia a sabedoria popular: “o que não t<strong>em</strong> r<strong>em</strong>édio,<br />
r<strong>em</strong>ediado está.“ (CGE, p. 15)<br />
Essas duas citações-cultura reflet<strong>em</strong> uma característica comum aos<br />
escritos <strong>de</strong> Rub<strong>em</strong> Alves e também comum ao escolanovismo espiritualista, quando<br />
retoma um passado <strong>de</strong> fantasias, sonhos e <strong>de</strong>vaneios, que subjetivamente, segundo<br />
esse autor, <strong>de</strong>veria s<strong>em</strong>pre se fazer presente nas nossas ações do dia a dia.<br />
Na crônica Sobre o dizer honesto, também aparece um ditado popular<br />
como uma voz <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> pessoas. Rub<strong>em</strong> Alves recorre a esse<br />
ditado para sintetizar a idéia <strong>de</strong> que há uma i<strong>de</strong>ologia maior que direciona todo o