Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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visto que essas concepções proporcionarão uma melhor compreensão do<br />
funcionamento das citações na construção discursiva <strong>de</strong> Rub<strong>em</strong> Alves.<br />
3.4.1. Os entr<strong>em</strong>eios do texto literário<br />
Segundo Compagnon (2003), as concepções <strong>de</strong> literatura, como arte<br />
literária, variam <strong>de</strong> acordo com as épocas e as culturas. Assim, pensar na extensão<br />
da literatura, por ex<strong>em</strong>plo, significa ampliar o máximo possível o rol do literário, indo<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os clássicos universais às histórias <strong>em</strong> quadrinhos, visto que o critério <strong>de</strong><br />
valor é s<strong>em</strong>pre i<strong>de</strong>ologicamente subjetivo, pois<br />
a tradição literária é o sist<strong>em</strong>a sincrônico dos textos literários, sist<strong>em</strong>a<br />
s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> movimento, recompondo-se à medida que surg<strong>em</strong> novas obras.<br />
Cada obra nova provoca um rearranjo da tradição como totalida<strong>de</strong> (e<br />
modifica, ao mesmo t<strong>em</strong>po, o sentido e o valor <strong>de</strong> cada obra pertencente à<br />
tradição) (COMPAGNON, 2003, p. 34).<br />
Na sist<strong>em</strong>atização <strong>de</strong> Compagnon (2003), encontramos a fixação <strong>de</strong> cinco<br />
conceitos fundamentais que necessariamente se relacionam com o texto literário: a<br />
literarieda<strong>de</strong>, a intenção, a representação, a recepção, e o estilo. Para esse autor, a<br />
literatura, <strong>de</strong> forma genérica, existe por meio da combinação <strong>de</strong> cinco el<strong>em</strong>entos: um<br />
autor, um livro, um leitor, uma língua e um referente.<br />
Contudo, restringir um espaço para ser ocupado pela literatura, como arte<br />
literária, é uma tarefa difícil e, por vezes, dissonante entre as diversas teorias. É<br />
comum os teóricos da literatura concordar<strong>em</strong> que o texto literário prediz um leitor<br />
que possa colaborar, <strong>em</strong> maior ou menor grau, com a produção do autor, visto que o<br />
texto só se concretiza na presença do leitor. “Não se <strong>de</strong>ve achar, com efeito, que a<br />
leitura seja uma operação mecânica, que o leitor seja impressionado pelos signos<br />
como a placa fotográfica pela luz” (SARTRE, 1999, p. 37).<br />
Assim, a produção literária <strong>em</strong>ana <strong>de</strong> um autor, se sustenta na<br />
sist<strong>em</strong>atização física da escrita, e se realiza no leitor, num constante movimento,<br />
s<strong>em</strong> o qual essa arte não se perpetua. Sartre (1999) faz alusão ao objeto literário<br />
como se ele fosse um pião, que só existe <strong>em</strong> movimento. “Para fazê-lo surgir é<br />
necessário um ato concreto que se chama leitura, e ele só dura enquanto essa<br />
leitura durar” (SARTRE, 1999, p. 35).<br />
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