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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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148<br />

Na crônica Sobre jequitibás e eucaliptos, Rub<strong>em</strong> Alves conclama<br />

Nietzsche para sustentar sua afirmativa <strong>de</strong> que o discurso pedagógico não consi<strong>de</strong>ra<br />

o aluno n<strong>em</strong> o professor, mas somente o conhecimento científico, pois “sucumbimos<br />

ao fascínio da i<strong>de</strong>ologia da ciência e suas promessas <strong>de</strong> um conhecimento objetivo<br />

e universal“ (ALVES, 1995a, p. 29). No fragmento evocado, Nietzsche como que<br />

lança uma maldição sobre aqueles que não assum<strong>em</strong> um discurso liberto das<br />

ré<strong>de</strong>as da socieda<strong>de</strong>:<br />

Ninguém fala. Qu<strong>em</strong> fala é um sujeito universal, abstrato:<br />

observa-se, nota-se, constata-se, conclui-se. [...] L<strong>em</strong>bro-me<br />

das palavras <strong>de</strong> fogo e ira que Zaratustra lançou contra<br />

aqueles que sucumbiram a esta tentação:<br />

“É isto que, aos vossos ouvidos, segreda o vosso espírito<br />

mentiroso:<br />

--- Eis o meu valor mais alto:<br />

olhar para vida, s<strong>em</strong> <strong>de</strong>sejo -<br />

- não com a língua pen<strong>de</strong>nte, como<br />

se fosse um cão.<br />

Encontrar a felicida<strong>de</strong> na<br />

pura cont<strong>em</strong>plação, com uma<br />

vonta<strong>de</strong> que morreu,<br />

o corpo inteiro frio e inerte. Como<br />

cinza...<br />

Percepção imaculada <strong>de</strong> todas as coisas!<br />

Que é que ela significa, para mim?<br />

Que das coisas nada <strong>de</strong>sejo<br />

exceto a permissão <strong>de</strong> ficar<br />

prostrado perante elas,<br />

como um espelho <strong>de</strong> c<strong>em</strong> olhos.“<br />

(Ibi<strong>de</strong>m 41 , p. 234) (CGE, p. 29-30)<br />

41 Friedrich Nietzsche, Thus spoke Zaratrusta, <strong>em</strong> Valter Kaufmann, The Portable Nietzsche, N. York,<br />

Vikings.

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