Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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certa imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> si mesmo, ou seja, a construção do Ethos 23 , consi<strong>de</strong>rado<br />
insistent<strong>em</strong>ente nos estudos <strong>de</strong> Maingueneau, <strong>de</strong>monstrando a atitu<strong>de</strong> que o locutor<br />
está assumindo com a utilização das aspas. No entanto, a interpretação do sentido<br />
das aspas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos sentidos apreendidos no discurso como um todo.<br />
Consi<strong>de</strong>rando que um locutor, ao utilizar aspas, para <strong>de</strong>limitar o discurso<br />
do outro, está <strong>em</strong>itindo um juízo a respeito do discurso citado, seja sobre o autor,<br />
seja sobre o dito, po<strong>de</strong>mos afirmar que o uso das aspas não confere a um discurso<br />
um caráter <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong> que alguns acreditam ser inerente a este tipo <strong>de</strong><br />
construção discursiva, refletindo, contrariamente, a presença marcante <strong>de</strong> uma<br />
subjetivida<strong>de</strong> presente <strong>em</strong> seu locutor.<br />
Como v<strong>em</strong>os, o locutor citante po<strong>de</strong>, <strong>de</strong> diversas maneiras, indicar uma<br />
outra voz na sua enunciação, sendo que essas estratégias, utilizadas na construção<br />
discursiva, proporcionam significados diversos ao discurso citado, condicionando e<br />
direcionando-o a um prévio enfoque.<br />
Dentre os recursos utilizados como modalizadores <strong>de</strong> uma citação, os<br />
verbos ou nomes <strong>de</strong>locutivos estão entre aqueles que mais condicionam e<br />
direcionam o discurso citado, pois, mesmo indicando uma ação natural <strong>de</strong> um<br />
discurso, jamais consegu<strong>em</strong> uma neutralida<strong>de</strong>, ao se referir<strong>em</strong> à voz do outro.<br />
discurso relatado.<br />
Na seqüência tratar<strong>em</strong>os dos <strong>de</strong>locutivos e <strong>de</strong> suas conotações diante do<br />
2.4.2. Os recursos modalizadores do discurso relatado<br />
Na concepção <strong>de</strong> que o discurso relatado constitui uma enunciação sobre<br />
outra enunciação, <strong>em</strong> que dois acontecimentos enunciativos se relacionam, sendo a<br />
enunciação citada objeto da enunciação citante (MAINGUENEAU, 2001), há que se<br />
consi<strong>de</strong>rar, <strong>de</strong> forma significativa, todo o processo <strong>de</strong> produção discursiva, que ao<br />
reproduzir a voz do outro, o faz pelo uso <strong>de</strong> diversos recursos lingüísticos, os quais<br />
23 Fenômeno discursivo que, por meio da enunciação, revela a personalida<strong>de</strong>, sincera ou não, do<br />
locutor, ou seja, os traços <strong>de</strong> caráter que o locutor <strong>de</strong>ve mostrar ao seu auditório <strong>em</strong> busca da a<strong>de</strong>são<br />
do mesmo. Ver o capítulo O Ethos, in MAINGUENEAU, Dominique. Análise <strong>de</strong> textos <strong>de</strong><br />
comunicação. Tradução <strong>de</strong> Cecília P. <strong>de</strong> Souza-e-Silva e Décio Rocha. São Paulo: Cortez, 2001. p.<br />
95-103.<br />
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