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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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característica maior é “criar contornos exteriores nítidos à volta do discurso citado“<br />

(BAKHTIN, 2002a, p. 150).<br />

Essa concepção que <strong>de</strong>monstra a heterogeneida<strong>de</strong> do sujeito, no entanto,<br />

com a plena consciência <strong>de</strong>ste, ocorre quando o sujeito, além <strong>de</strong> perceber a<br />

presença do outro <strong>em</strong> sua fala, opta por <strong>de</strong>ixar claro que é o outro que está falando,<br />

e assim o faz por meio <strong>de</strong> marcas, tais como: citações, aspas, itálicos e outros<br />

recursos.<br />

Essa opção explícita do falante, <strong>em</strong> marcar o discurso do outro <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

seu discurso, reflete a dialogia proposta por Bakhtin, visto que “o discurso citado é<br />

visto pelo falante como a enunciação <strong>de</strong> uma outra pessoa, <strong>completa</strong>mente<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte na orig<strong>em</strong>, datada <strong>de</strong> uma construção <strong>completa</strong>, e situada fora do<br />

contexto narrativo“ (BAKHTIN, 2002a, p. 144), numa conscientização <strong>de</strong>ste falante<br />

<strong>de</strong> que seu discurso constitui-se por meio <strong>de</strong> um processo dialógico, resultado <strong>de</strong> um<br />

plurilingüismo dialogizado. A isto Authier-Revuz (1990) <strong>de</strong>nomina heterogeneida<strong>de</strong><br />

mostrada, e Maingueneau (2000, p. 78) afirma correspon<strong>de</strong>r “a uma presença<br />

<strong>de</strong>tectável <strong>de</strong> um discurso outro ao longo do texto.“<br />

Na consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Authier-Revuz (1982), o sujeito, ao explicitar na<br />

produção discursiva a voz do outro, imagina que só naquele momento a fala não lhe<br />

pertence, ou seja, ele acredita que a heterogeneida<strong>de</strong> enunciativa só ocorre na sua<br />

forma mostrada. Assim, o sujeito <strong>de</strong>limita o discurso do outro e reivindica para si<br />

mesmo a autoria do restante <strong>de</strong> seu discurso.<br />

No entanto, a heterogeneida<strong>de</strong> mostrada po<strong>de</strong> não se apresentar com<br />

marcas visíveis <strong>em</strong> um discurso (AUTHIER-REVUZ, 1990), mesmo conscient<strong>em</strong>ente<br />

produzida pelo sujeito, po<strong>de</strong>ndo assim constituir-se <strong>de</strong> duas formas: marcada e não-<br />

marcada.<br />

Quando o sujeito da enunciação utiliza-se da forma marcada da<br />

heterogeneida<strong>de</strong> mostrada, mostrando claramente que há um outro discurso inserido<br />

no seu, t<strong>em</strong>os uma posição <strong>de</strong>nominada autonímia simples, que se trata <strong>de</strong> exibir o<br />

discurso citado como algo exterior ao discurso que cita. Nesse caso, o locutor utiliza-<br />

se, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong> termos metalingüísticos, <strong>de</strong> diacríticos, ou <strong>de</strong> outros recursos<br />

que possam marcar a <strong>de</strong>limitação do discurso e o seu caráter pluriarticulado.<br />

O sujeito da enunciação também po<strong>de</strong> utilizar uma heterogeneida<strong>de</strong> posta<br />

<strong>de</strong> forma não-marcada. Isso ocorre quando o locutor, mesmo mencionando o<br />

discurso do outro, integra-o à ca<strong>de</strong>ia discursiva, numa continuida<strong>de</strong> sintática,<br />

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