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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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movimento, do po<strong>de</strong>r da palavra, pois, através <strong>de</strong>la, os sujeitos são postos <strong>em</strong> ação<br />

para reproduzir ou transformar o social.<br />

Nessa perspectiva, as vozes sociais “não têm propriamente um espaço<br />

interior: elas viv<strong>em</strong> nas fronteiras (são, portanto, heterogêneas), viv<strong>em</strong> <strong>em</strong> pontos <strong>de</strong><br />

contínua tensão socioaxiológica, <strong>de</strong> contínuas interanimações, contradições,<br />

entrecruzamentos e reconfigurações“ (FARACO, 2003, p. 104). E disso resulta uma<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inter-relações lingüísticas, que por meio do processo <strong>de</strong> dialogia,<br />

constitui o que Bakhtin <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> plurilingüismo.<br />

2.1.3. Plurilingüismo, dialogia e plurilingüismo dialogizado<br />

O termo plurilingüismo é usado por Bakhtin (2002c) para representar uma<br />

<strong>de</strong>nsa e tensa camada <strong>de</strong> discursos que recobr<strong>em</strong> o objeto, r<strong>em</strong>etendo-se à<br />

realida<strong>de</strong> heterogênea da linguag<strong>em</strong> e à multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vozes sociais que<br />

<strong>em</strong>anam <strong>de</strong> cada um dos seres humanos, consi<strong>de</strong>rando que um enunciado encontra<br />

o objeto já recoberto <strong>de</strong> uma varieda<strong>de</strong> extensa <strong>de</strong> qualificações, nunca po<strong>de</strong>ndo<br />

conter uma significação adâmica, ou seja, primeira.<br />

A questão da dialogia, representada pelas expressões relações dialógicas<br />

(BAKHTIN, 2002b, p. 181-185) e diálogo <strong>em</strong> sentido amplo (BAKHTIN, 2002a, p.<br />

123), aparece na obra bakhtiniana para <strong>de</strong>signar “o complexo das relações<br />

dialógicas, a dinâmica dos signos e das significações entendida como se realizando<br />

responsivamente <strong>de</strong> modo similar às réplicas <strong>de</strong> um diálogo face-a-face“ (FARACO,<br />

2003, p. 70).<br />

O dialogismo t<strong>em</strong> por objeto efetivo as relações dialógicas, ou seja, todas<br />

as relações que envolv<strong>em</strong> o processo <strong>de</strong> interação da linguag<strong>em</strong>, estando esta<br />

subordinada à i<strong>de</strong>ologia do cotidiano e aos sist<strong>em</strong>as i<strong>de</strong>ológicos constituídos 16 . Para<br />

Bakhtin (2002b, p. 181-185), as relações dialógicas são extralingüísticas, não<br />

po<strong>de</strong>ndo estar separadas do campo do discurso, e estas relações são possíveis sob<br />

diversos enfoques: entre enunciações integrais; a uma parte significante do<br />

enunciado, inclusive a uma palavra isolada, se ouvimos nela a voz do outro; entre os<br />

estilos <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong>, os dialetos sociais, etc., <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que eles sejam entendidos<br />

16 Quanto à i<strong>de</strong>ologia do cotidiano e aos sist<strong>em</strong>as i<strong>de</strong>ológicos constituídos, ver BAKHTIN, Mikhail.<br />

Marxismo e filosofia da linguag<strong>em</strong>. 10. ed. São Paulo: Hucitec: Annablume, 2002a. p. 37 e 118-121.<br />

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