13.04.2013 Views

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Bakhtin (2002c) caracteriza a refração como a atmosfera multidiscursiva<br />

que recobre qualquer objeto da realida<strong>de</strong>, dando a este objeto múltiplos nomes,<br />

<strong>de</strong>finições e julgamentos <strong>de</strong> valores, apresentando este conceito como<br />

... os milhares <strong>de</strong> fios dialógicos existentes, tecidos pela consciência<br />

i<strong>de</strong>ológica <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> um dado objeto <strong>de</strong> enunciação, ... uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

caminhos, estradas e tropos, <strong>de</strong>svendados pela consciência social, ... um<br />

multidiscurso social, uma torre <strong>de</strong> babel que se manifesta ao redor <strong>de</strong><br />

qualquer objeto; a dialética do objeto entrelaça-se com o diálogo social<br />

circunstante (BAKHTIN, 2002c. p. 86 e 88).<br />

Assim, “o ser, refletido no signo, não apenas nele se reflete, mas também<br />

se refrata“ (BAKHTIN, 2002a, p. 46), havendo uma dinamicida<strong>de</strong> no signo, on<strong>de</strong><br />

índices <strong>de</strong> valores contraditórios se confrontam. Essa mobilida<strong>de</strong>, essa dialética<br />

interna, só é possível pelo processo <strong>de</strong> refração, pois “aquilo mesmo que torna o<br />

signo i<strong>de</strong>ológico vivo e dinâmico faz <strong>de</strong>le um instrumento <strong>de</strong> refração e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação do ser“ (BAKHTIN, 2002a, p. 47). Essa multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> refrações do<br />

objeto (os múltiplos discursos sociais) é nominada, por Bakhtin (2002a), <strong>de</strong> vozes<br />

sociais ou línguas sociais, entendidas como a forma como um grupo social<br />

representa o mundo <strong>em</strong> que vive.<br />

2.1.2. Vozes Sociais<br />

Ao tratar da filosofia da linguag<strong>em</strong>, Bakhtin (2002a) enfatiza-lhe o aspecto<br />

axiológico, entendido por ele como intrínseco ao existir humano, sendo a dimensão<br />

axiológica parte inalienável da significação da palavra <strong>em</strong> uso. Nessa idéia, Faraco<br />

(2003, p. 26) afirma que, para o pensamento bakhtiniano, “a língua se <strong>de</strong>senvolveu<br />

historicamente a serviço do pensamento participativo e dos atos efetivamente<br />

realizados (isto é, no mundo da vida) e só posteriormente passou também a servir<br />

ao pensamento teórico“.<br />

Essa dinâmica histórica do uso da língua, consi<strong>de</strong>rando cada época e a<br />

diversida<strong>de</strong> e complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada grupo social humano, s<strong>em</strong>pre recobriu o mundo<br />

com várias axiologias, pela multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experiências que caracteriza cada ser.<br />

Nessa perspectiva aparece o conceito <strong>de</strong> vozes sociais, que é a constituição do<br />

processo <strong>de</strong> significação dos enunciados, proveniente das axiologias que participam<br />

28

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!