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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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- a não-coincidência do discurso consigo mesmo – aparece afetado pela<br />

presença <strong>em</strong> si <strong>de</strong> outros discursos, ou seja, quando o locutor refere-<br />

se a outro discurso <strong>de</strong>ntro do seu próprio discurso. Como marcas<br />

<strong>de</strong>sta não-coincidência t<strong>em</strong>os: “como diz fulano“, “o que se costuma<br />

chamar...“, “como diz<strong>em</strong> os esnobes“, “nas palavras <strong>de</strong> fulano“, “o<br />

assim chamado ...“, ...<br />

- a não-coincidência entre as palavras e as coisas – surgindo quando se<br />

trata <strong>de</strong> indicar que as palavras <strong>em</strong>pregadas não correspon<strong>de</strong>m <strong>em</strong><br />

exatidão à realida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>veriam <strong>de</strong>signar. V<strong>em</strong>os nas expressões:<br />

“po<strong>de</strong>ríamos dizer, como dizer?“, “o que é preciso chamar <strong>de</strong> ...“, “ia<br />

dizer isto“, “isto ou melhor aquilo“, “já que é necessário nomear ...“, ...<br />

- a não-coincidência das palavras consigo mesmas – aparec<strong>em</strong><br />

afetadas por outros sentidos, por outras palavras, pelo jogo da<br />

poliss<strong>em</strong>ia, da homonímia etc, quando o locutor se confronta com o<br />

fato <strong>de</strong> que o sentido das palavras é ambíguo, como <strong>em</strong>: “no sentido<br />

primeiro da palavras“, “<strong>em</strong> todos os sentidos da palavra“,<br />

“literalmente“, “eis a palavra a<strong>de</strong>quada“, ...<br />

2.4.2.2. Verbos <strong>de</strong>locutivos<br />

Neste sub-it<strong>em</strong>, discorrer<strong>em</strong>os sobre os verbos <strong>de</strong>locutivos, ou seja,<br />

aqueles verbos que indicam a fala do interlocutor ou que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> à fala <strong>de</strong> um<br />

discurso outro. Benveniste (1995) 25 caracteriza basicamente como verbos<br />

<strong>de</strong>locutivos aqueles <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> locuções, <strong>de</strong>finindo-se pela relação formal entre<br />

uma locução e um verbo que <strong>de</strong>nota o enunciado <strong>de</strong>ssa locução. “O traço essencial<br />

e signalético <strong>de</strong> um <strong>de</strong>locutivo consiste <strong>em</strong> estar com a sua base nominal na relação<br />

‘dizer ...’, e não na relação ‘fazer ...’“ (BENVENISTE, 1995, p. 315), ou seja, t<strong>em</strong>os<br />

um signo da língua que <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> uma locução <strong>de</strong> discurso, assim, os <strong>de</strong>locutivos<br />

são, sobretudo, verbos que indicam ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discurso.<br />

No caso das citações, os <strong>de</strong>locutivos se referenciam ao processo <strong>de</strong><br />

construção da enunciação, exercendo a função <strong>de</strong> explicitar que uma outra voz está<br />

falando <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma enunciação, geralmente introduzindo ou finalizando a citação,<br />

25 Ver o capítulo Os verbos <strong>de</strong>locutivos, in BENVENISTE, Émile. Probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> lingüística geral I,<br />

1995, p.306-315.<br />

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