Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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CAPÍTULO III – LAGO DE ÁGUAS CLARAS<br />
59<br />
O lago é um gran<strong>de</strong> olho tranqüilo. O lago recebe toda a luz e<br />
com ela faz o mundo. Por ele o mundo é cont<strong>em</strong>plado, o<br />
mundo é representado.<br />
(Gaston Bachelard, A água e os sonhos, p. 30-31)<br />
Ver as águas claras do lago é ter a ilusão <strong>de</strong> que aquela limpi<strong>de</strong>z po<strong>de</strong><br />
revelar sua essência aos olhos <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> o cont<strong>em</strong>pla. O lago vê muito mais do que<br />
se <strong>de</strong>ixa ver; seus olhos são milhares, sua percepção é infinita. A calmaria que po<strong>de</strong><br />
<strong>em</strong>anar das suas águas nada mais é que o repousar das múltiplas imagens que ali<br />
se reflet<strong>em</strong>. Compreen<strong>de</strong>r o lago é integrar-se a ele, é pôr as mãos <strong>em</strong> suas águas,<br />
é provar <strong>de</strong> seu frescor.<br />
O lago, na metáfora que <strong>em</strong>pregamos, correspon<strong>de</strong> à representação que<br />
o corpus <strong>de</strong> nosso trabalho adquire diante do leitor, b<strong>em</strong> como do seu contexto <strong>de</strong><br />
produção. Ele cont<strong>em</strong>pla e representa o mundo sob seu olhar <strong>de</strong> águas límpidas, e<br />
nós, numa busca <strong>de</strong> sua compreensão, ousamos molhar nossas mãos <strong>em</strong> suas<br />
calmas águas.<br />
Neste capítulo, segmentado <strong>em</strong> quatro itens, contextualizamos, numa<br />
visão histórico-educacional, o movimento pedagógico a que se filia o educador e<br />
escritor Rub<strong>em</strong> Alves; explicitamos a sua trajetória como educador e as suas<br />
incursões nos meios literários, com <strong>de</strong>staque para as obras que compõ<strong>em</strong> o corpus<br />
<strong>de</strong>sse trabalho; e discorr<strong>em</strong>os sobre o texto literário, visto que o corpus caracteriza-<br />
se por sua carga <strong>de</strong> literarieda<strong>de</strong>.<br />
No primeiro it<strong>em</strong>, Caminho das águas: o espírito pedagógico, tratamos do<br />
movimento pedagógico Escola Nova e a sua corrente Espiritualista, à qual o<br />
educador e escritor <strong>em</strong> questão é comumente filiado, caracterizando, assim, a<br />
pedagogia <strong>de</strong> Rub<strong>em</strong> Alves, com <strong>de</strong>staque para a sua aproximação com a teologia.<br />
Sob o título <strong>de</strong> Face das águas: a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>, no segundo it<strong>em</strong>,<br />
<strong>de</strong>monstramos o percurso <strong>de</strong> formação educacional, atuação profissional e produção<br />
literária do educador Rub<strong>em</strong> Alves, fundamentando-nos <strong>em</strong> enfoques biográficos do<br />
autor e enfoques histórico-educacionais do pensamento pedagógico brasileiro.