Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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Rub<strong>em</strong> Alves está expressa nessa reflexão, indicando que o t<strong>em</strong>po está passando e<br />
não se <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>ixar para amanhã as coisas boas da vida:<br />
... menos saber e mais sabor, como nos aconselham Barthes e<br />
Borges, ao final <strong>de</strong> suas vidas. Mas, como Hegel observou, as<br />
pessoas ficam sábias s<strong>em</strong>pre quando já é tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais...<br />
(CGE, p. 125) [grifo nosso]<br />
A necessida<strong>de</strong> da busca constante da palavra <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> para<br />
referendar seus pensamentos é uma justificativa para a profusão <strong>de</strong> vozes presentes<br />
no discurso <strong>de</strong> Rub<strong>em</strong> Alves, visto que constatamos que essas palavras <strong>de</strong><br />
autorida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> muitos casos, formalizam verda<strong>de</strong>s que já faz<strong>em</strong> parte do senso<br />
comum, tais como: “o presente é construído pelas experiências do passado”; “o<br />
amor é a fonte da essência humana”; “quando ficamos sábios, já estamos velhos, e<br />
próximos da morte”.<br />
Fica evi<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>ssa forma, que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autores citados,<br />
pertencentes aos mais diversos segmentos do conhecimento humano, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre<br />
condiz com a qualida<strong>de</strong> daquilo que é citado, levando-nos a consi<strong>de</strong>rar que, no<br />
corpus, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre as citações ou referências à voz do outro são evocadas pela<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> referendar um dito, mas, muito provavelmente, por consi<strong>de</strong>rar que<br />
esse tipo <strong>de</strong> construção discursiva já esteja incrustada no estilo literário do autor.<br />
Acreditamos, ainda, que esta constante busca pela palavra do outro, com<br />
uso exagerado da heterogeneida<strong>de</strong> mostrada, seja fruto do estilo literário <strong>de</strong> Rub<strong>em</strong><br />
Alves, que reproduz seu pensamento pedagógico optando por “contar estórias” ao<br />
seu leitor, valendo-se, para isso, da fluente voz do outro.<br />
4.2. A CITAÇÃO E SUAS ATIVIDADES DISCURSIVAS<br />
Como já visto, a heterogeneida<strong>de</strong> enunciativa, entendida como<br />
constitutiva <strong>de</strong> todos os discursos, manifesta-se, com mais niti<strong>de</strong>z e clareza, por<br />
meio do discurso relatado, sendo as citações sua forma <strong>de</strong> manifestação mais<br />
evi<strong>de</strong>nte.<br />
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