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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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numa abordag<strong>em</strong> não mais lingüística; com a sua própria enunciação como um todo,<br />

com partes isoladas <strong>de</strong>sse todo e com uma palavra isolada nele.<br />

O caráter dialógico da linguag<strong>em</strong> faz-se presente não somente quando há<br />

o estabelecimento <strong>de</strong> relações entre um enunciado e a palavra <strong>de</strong> outr<strong>em</strong>, mas<br />

também no estabelecimento <strong>de</strong> relações do enunciado consigo mesmo (ressalvas<br />

internas), relações estas que possam gerar significação <strong>de</strong> resposta, consi<strong>de</strong>rando<br />

as posições avaliativas, sendo as relações dialógicas construídas por índices sociais<br />

<strong>de</strong> valor entre pessoas socialmente organizadas, o que gera consensos, mas<br />

também tensos combates dialógicos, pois<br />

... toda enunciação efetiva, seja qual for a sua forma, contém s<strong>em</strong>pre, com<br />

maior ou menor niti<strong>de</strong>z, a indicação <strong>de</strong> um acordo ou <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sacordo com<br />

alguma coisa. Os contextos não estão simplesmente justapostos, como se<br />

foss<strong>em</strong> indiferentes uns aos outros; encontram-se numa situação <strong>de</strong><br />

interação e <strong>de</strong> conflito tenso e ininterrupto (BAKHTIN, 2002a, p. 107).<br />

As relações dialógicas, para o Círculo <strong>de</strong> Bakhtin, são espaços <strong>de</strong> tensão<br />

entre os enunciados, num constante questionamento entre esses enunciados. O<br />

diálogo, num sentido amplo, é visto como um espaço <strong>de</strong> lutas entre as vozes sociais,<br />

existindo: forças que buscam centralizar as vozes, num plurilingüismo convergente;<br />

e forças <strong>de</strong>scentralizadoras, que combat<strong>em</strong> o processo <strong>de</strong> centralização das idéias,<br />

por meio <strong>de</strong> processos dialógicos, tais como a paródia e o riso <strong>de</strong> qualquer natureza,<br />

a ironia, a polêmica explicita ou velada, a hibridação ou a reavaliação, a<br />

sobreposição <strong>de</strong> vozes etc.<br />

Na acepção <strong>de</strong>sses pensadores, à idéia <strong>de</strong> diálogo agrega-se um outro<br />

el<strong>em</strong>ento que não se refere apenas à fala <strong>em</strong> voz alta <strong>de</strong> duas pessoas, mas a um<br />

discurso interior, do qual <strong>em</strong>anam as várias e inesgotáveis enunciações, que são<br />

<strong>de</strong>terminadas pela situação <strong>de</strong> sua enunciação e pelo seu auditório, pois<br />

A situação e o auditório obrigam o discurso interior a realizar-se <strong>em</strong> uma<br />

expressão exterior <strong>de</strong>finida, que se insere diretamente no contexto não<br />

verbalizado da vida corrente, e nele se amplia pela ação, pelo gesto ou pela<br />

resposta verbal dos outros participantes na situação <strong>de</strong> enunciação<br />

(BAKHTIN, 2002a, p. 125).<br />

A dialogicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo dizer é posta por Bakhtin (2002c, p. 89-93) sob<br />

três aspectos diferentes:<br />

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