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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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A terceira crônica, Sobre o dizer honesto, traz uma breve epígrafe<br />

representada por um ditado Zen:<br />

“Nunca mostres o teu po<strong>em</strong>a<br />

a um não poeta“<br />

(Ditado Zen) (CGE, p. 35).<br />

A essência <strong>de</strong>sse ditado aparece <strong>em</strong> diversos momentos da crônica, ou<br />

seja, a idéia <strong>de</strong> não se <strong>de</strong>ixar julgar por aqueles que não têm competências ou<br />

condições para tal julgamento.<br />

Rub<strong>em</strong> Alves inicia seu texto fazendo alusão à história <strong>de</strong> um pintassilgo<br />

que insistia <strong>em</strong> convencer uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rãs, que viviam enclausuradas <strong>em</strong><br />

um poço profundo e escuro, <strong>de</strong> que havia um mundo cheio <strong>de</strong> clarida<strong>de</strong> e coisas<br />

belas lá fora. Não obteve sucesso, e foi morto pelas rãs, para não propagar<br />

i<strong>de</strong>ologias perigosas.<br />

Conforme enuncia a crônica, a palavra exerce um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>vastador sobre<br />

aquilo que se enuncia, e o sentido da palavra está nas entrelinhas, naquilo que não<br />

está explicitamente dito. Daí a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se “mostrar o po<strong>em</strong>a somente a um<br />

poeta“, para evitar que seja mal interpretado e que possa sofrer represálias (como o<br />

pintassilgo).<br />

Outras duas breves citações, postas como epígrafe, são encontradas nos<br />

dois textos subseqüentes, ou seja, na quarta e quinta crônicas: Sobre palavras e<br />

re<strong>de</strong>s e Sobre r<strong>em</strong>adores e professores. Na quarta crônica aparece uma citação <strong>de</strong><br />

Guimarães Rosa:<br />

“... ser feiticeiro da palavra,<br />

estudar a alquimia do<br />

coração humano...“<br />

(João Guimarães Rosa) (CGE, p. 63)<br />

Nessa parte do livro, Rub<strong>em</strong> Alves retoma a t<strong>em</strong>ática do po<strong>de</strong>r que a<br />

palavra exerce sobre os seres humanos, sendo a linguag<strong>em</strong> a mais eficiente forma<br />

<strong>de</strong> dominação. O autor encaminha para uma idéia <strong>de</strong> que há uma magia, um feitiço,<br />

no uso das palavras, que envolve o interlocutor, <strong>de</strong>limitando seu espaço <strong>de</strong>

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