Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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<strong>de</strong>sses casos, no intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar o reconhecimento das vozes sociais que<br />
constitu<strong>em</strong> o pensamento filosófico-pedagógico <strong>de</strong>ste autor.<br />
Rub<strong>em</strong> Alves inicia a crônica Sobre jequitibás e eucaliptos fazendo<br />
referências às profissões que já não exist<strong>em</strong> mais, como tropeiros e caixeiros-<br />
viajantes, num saudosismo melancólico próprio <strong>de</strong> suas r<strong>em</strong>iniscências infantis, e<br />
questiona sobre a profissão <strong>de</strong> educador <strong>em</strong> relação à <strong>de</strong> professor. Para o autor,<br />
ser educador é uma vocação (do latim vocare = chamar), um dom divino, um<br />
chamamento, ou seja, alguém é chamado pelos seus <strong>de</strong>sejos mais íntimos para o<br />
exercício do magistério, e consecutivamente será o responsável pela construção<br />
social dos seus educandos. Em resumo, ser professor é apenas mais uma profissão,<br />
enquanto ser educador é um ato <strong>de</strong> amor e <strong>de</strong> esperança.<br />
Constatamos a voz do escolanovismo espiritualista quando o autor<br />
ressalta as idéias <strong>de</strong> que muitas coisas boas do passado <strong>de</strong>veriam ser resgatadas,<br />
<strong>de</strong> que a educação escolar <strong>de</strong>ve ser construída por meio <strong>de</strong> ações pautadas no<br />
amor, e <strong>de</strong> que o educador é dirigido por seu mundo interior (espírito), <strong>de</strong>finindo-se<br />
por suas paixões e esperanças, por suas utopias.<br />
O educador é posto como uma força interior dormente <strong>em</strong> cada professor,<br />
que precisa ser <strong>de</strong>spertada para diss<strong>em</strong>inar uma educação pelo sonho <strong>de</strong> um<br />
mundo pautado na felicida<strong>de</strong> e no prazer que a vida nos proporciona a cada minuto.<br />
Destacamos quatro momentos, nesta mesma crônica, <strong>em</strong> que Rub<strong>em</strong><br />
Alves refere-se ao educador como um missionário do saber e do amor, evi<strong>de</strong>nciando<br />
concepções pedagógicas escolanovistas.<br />
Professores, há aos milhares. Mas professor é profissão, não é<br />
algo que se <strong>de</strong>fine por <strong>de</strong>ntro, por amor. Educador, ao<br />
contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce <strong>de</strong><br />
um gran<strong>de</strong> amor, <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> esperança. (CGE, p. 14)<br />
O educador, pelo menos o i<strong>de</strong>al que minha imaginação<br />
constrói, habita um mundo <strong>em</strong> que a interiorida<strong>de</strong> faz uma<br />
diferença, <strong>em</strong> que as pessoas se <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> por suas visões,<br />
paixões, esperanças e horizontes utópicos. O professor, ao<br />
contrário, é funcionário <strong>de</strong> um mundo dominado pelo Estado e<br />
pelas <strong>em</strong>presas. É uma entida<strong>de</strong> gerenciada, administrada<br />
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