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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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105<br />

Aqui também encontramos o pensamento escolanovista da valorização do<br />

sonho infantil, do pensamento <strong>de</strong>scomprometido, da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir o mundo.<br />

Para referendar esse pensamento, o autor recorre às palavras <strong>de</strong> Buber e<br />

<strong>de</strong> Nietzsche, utilizando-se novamente <strong>de</strong> modalizadores <strong>em</strong> discurso segundo e <strong>de</strong><br />

expressões como: “conta-se que...“, “Pois, <strong>em</strong> suas palavras...“, conforme v<strong>em</strong>os:<br />

Conta-se que Buber, numa ocasião <strong>em</strong> que estava sendo<br />

homenageado, cansado da fala grave e séria dos filósofos,<br />

observou: Nunca consigo apren<strong>de</strong>r coisa alguma dos adultos.<br />

Quando quero apren<strong>de</strong>r algo novo tenho <strong>de</strong> me misturar com<br />

as crianças. (AE, p. 60-61)<br />

Nietzsche também se voltava para as crianças com símbolos<br />

do nosso <strong>de</strong>stino. Pois, <strong>em</strong> suas palavras, a criança é<br />

inocência e esquecimento, um novo princípio, um brinquedo,<br />

um moto contínuo, um primeiro movimento, um Sim sagrado à<br />

vida. (AE, p. 61)<br />

Outro ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao discurso relatado po<strong>de</strong> ser encontrado <strong>em</strong><br />

duas referências a Valéry. Tanto na crônica Um corpo com asas, como <strong>em</strong> Tudo o<br />

que é pesado flutua no ar, o autor afirma que o pensamento é o vôo das palavras<br />

<strong>em</strong> liberda<strong>de</strong>, que voar com o pensamento é sonhar, que brincar com as palavras é<br />

brincar com coisas que não exist<strong>em</strong>, que brincar com coisas que não exist<strong>em</strong> é<br />

pensar. Ou seja, o pensamento puro origina-se do <strong>de</strong>sprendimento do uso das<br />

palavras.<br />

V<strong>em</strong>os que essas duas crônicas r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> aos preceitos do<br />

escolanovismo que enfatiza a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamento e <strong>de</strong> criação e a dinâmica<br />

no processo <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>, sendo o sonho (pensamento <strong>de</strong>scomprometido), um<br />

estágio para a <strong>de</strong>scoberta dos saberes.<br />

Para sustentar essa afirmativa, o autor evoca outras palavras, <strong>de</strong>ixando<br />

claro que não somente ele pensa assim, mas também o consagrado poeta francês<br />

Valéry, conclamando o seu interlocutor para que não se esqueça <strong>de</strong>ssas palavras:

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