Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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Aqui também encontramos o pensamento escolanovista da valorização do<br />
sonho infantil, do pensamento <strong>de</strong>scomprometido, da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir o mundo.<br />
Para referendar esse pensamento, o autor recorre às palavras <strong>de</strong> Buber e<br />
<strong>de</strong> Nietzsche, utilizando-se novamente <strong>de</strong> modalizadores <strong>em</strong> discurso segundo e <strong>de</strong><br />
expressões como: “conta-se que...“, “Pois, <strong>em</strong> suas palavras...“, conforme v<strong>em</strong>os:<br />
Conta-se que Buber, numa ocasião <strong>em</strong> que estava sendo<br />
homenageado, cansado da fala grave e séria dos filósofos,<br />
observou: Nunca consigo apren<strong>de</strong>r coisa alguma dos adultos.<br />
Quando quero apren<strong>de</strong>r algo novo tenho <strong>de</strong> me misturar com<br />
as crianças. (AE, p. 60-61)<br />
Nietzsche também se voltava para as crianças com símbolos<br />
do nosso <strong>de</strong>stino. Pois, <strong>em</strong> suas palavras, a criança é<br />
inocência e esquecimento, um novo princípio, um brinquedo,<br />
um moto contínuo, um primeiro movimento, um Sim sagrado à<br />
vida. (AE, p. 61)<br />
Outro ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao discurso relatado po<strong>de</strong> ser encontrado <strong>em</strong><br />
duas referências a Valéry. Tanto na crônica Um corpo com asas, como <strong>em</strong> Tudo o<br />
que é pesado flutua no ar, o autor afirma que o pensamento é o vôo das palavras<br />
<strong>em</strong> liberda<strong>de</strong>, que voar com o pensamento é sonhar, que brincar com as palavras é<br />
brincar com coisas que não exist<strong>em</strong>, que brincar com coisas que não exist<strong>em</strong> é<br />
pensar. Ou seja, o pensamento puro origina-se do <strong>de</strong>sprendimento do uso das<br />
palavras.<br />
V<strong>em</strong>os que essas duas crônicas r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> aos preceitos do<br />
escolanovismo que enfatiza a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamento e <strong>de</strong> criação e a dinâmica<br />
no processo <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>, sendo o sonho (pensamento <strong>de</strong>scomprometido), um<br />
estágio para a <strong>de</strong>scoberta dos saberes.<br />
Para sustentar essa afirmativa, o autor evoca outras palavras, <strong>de</strong>ixando<br />
claro que não somente ele pensa assim, mas também o consagrado poeta francês<br />
Valéry, conclamando o seu interlocutor para que não se esqueça <strong>de</strong>ssas palavras: