Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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Como prova <strong>de</strong>sse pensamento, aparece uma citação do sociólogo<br />
Werner Satark e também as palavras <strong>de</strong> Karl Popper, que ratificam a idéia dos<br />
limites do pensamento (autonomia). Em ambos os casos aparec<strong>em</strong> as citações<br />
indicando vozes <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s, como um reforço ao pensamento <strong>de</strong> Rub<strong>em</strong> Alves.<br />
A ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo, como centro da consciência, talvez<br />
marque o momento da própria morte, Como observa Werner<br />
Satark, “é possível que o pensamento livre <strong>de</strong> valores seja um<br />
i<strong>de</strong>al, mas com toda a certeza ele não é uma realida<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />
parte alguma“ (The sociology of knowledge, London,<br />
Routledge & Kegan Paul, 1967, p. 71) (CGE, p. 41)<br />
“Nós não conhec<strong>em</strong>os. Nós só po<strong>de</strong>mos fazer palpites. E os<br />
nossos palpites são guiados pela fé não científica, meta-física,<br />
<strong>em</strong> leis e regularida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scobrir, <strong>de</strong>s-cobrir. O<br />
velho i<strong>de</strong>al científico <strong>de</strong> epist<strong>em</strong>e, conhecimento certo,<br />
<strong>de</strong>monstrável, provou ser um ídolo. A exigência <strong>de</strong><br />
objetivida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> ciência, exige que cada <strong>de</strong>claração científica<br />
permaneça, para s<strong>em</strong>pre, tentativa.” (The logic of scientific<br />
discovery, New York, Harper, 1968, pp. 278 e 280, parágrafo<br />
85) (CGE, p. 41-42)<br />
Tratando das instituições educacionais e da formação dos educandos, na<br />
crônica Sobre palavras e re<strong>de</strong>s, o autor afirma t<strong>em</strong>er que nós “estejamos formando<br />
milhares <strong>de</strong> bonecos que mov<strong>em</strong> as bocas e falam com a voz <strong>de</strong> ventríloquos.<br />
Especialistas <strong>em</strong> dizer o que os outros disseram, incapazes <strong>de</strong> dizer sua própria<br />
palavra“ (ALVES, 1995a, p. 81-82), ou seja, refere-se a um processo <strong>de</strong> reprodução<br />
da i<strong>de</strong>ologia dominante, s<strong>em</strong> reflexão, s<strong>em</strong> consciência e s<strong>em</strong> ação (ALTHUSSER,<br />
2001), como fator <strong>de</strong> dominação <strong>de</strong> classes.<br />
Essa afirmação mostra um plurilingüismo tanto <strong>de</strong> vozes inerentes ao<br />
marxismo como ao escolanovismo, visto que ambos combat<strong>em</strong> a subjugação do<br />
sujeito, que, no primeiro caso, refere-se à i<strong>de</strong>ologia dominante, e no segundo,<br />
refere-se à falta <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamento e espontaneida<strong>de</strong>.