Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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liberda<strong>de</strong>” (COMPAGNON, 2003, p. 167), sendo, portanto, a representação do<br />
indivíduo e do coletivo.<br />
Assim, o estilo discursivo tramita entre a idéia <strong>de</strong> norma (cânone), <strong>de</strong><br />
ornamento (variação contra um todo comum), <strong>de</strong> um <strong>de</strong>svio (busca <strong>de</strong> outra direção<br />
<strong>em</strong> relação ao uso corrente), <strong>de</strong> um gênero ou tipo (condições gerais <strong>de</strong> aparência),<br />
<strong>de</strong> um sintoma (expressa uma individualização artística) e <strong>de</strong> cultura (visão <strong>de</strong><br />
mundo própria <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>), indicando proprieda<strong>de</strong>s do discurso, ou seja,<br />
adaptação da expressão a seus fins.<br />
A concepção <strong>de</strong> estilo, diante da expressão lingüística, torna-se bastante<br />
genérica. Assim, num sentido amplo, o estilo po<strong>de</strong> ser visto como<br />
um conjunto <strong>de</strong> traços formais <strong>de</strong>tectáveis, e ao mesmo t<strong>em</strong>po o sintoma <strong>de</strong><br />
uma personalida<strong>de</strong> (indivíduo, grupo, período), [pois] <strong>de</strong>screvendo,<br />
analisando um estilo <strong>em</strong> seu <strong>de</strong>talhe complicado, o intérprete reconstitui a<br />
alma <strong>de</strong>ssa personalida<strong>de</strong>. (COMPAGNON, 2003, p. 173)<br />
V<strong>em</strong>os que a noção <strong>de</strong> estilo não constitui um conceito puro, sendo uma<br />
idéia complexa, rica, ambígua, múltipla, que acumula a concepção <strong>de</strong><br />
individualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> coletivida<strong>de</strong>.<br />
Em textos consi<strong>de</strong>rados literários, o estilo distingue-se pelo uso do código<br />
e seus recursos, que compreen<strong>de</strong>m aspectos como a linguag<strong>em</strong> lírica ou poética, a<br />
linguag<strong>em</strong> conotativa, o uso <strong>de</strong> figuras <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong>, o jogo <strong>de</strong> palavras, os<br />
recursos sonoros e rítmicos, b<strong>em</strong> como a forma <strong>de</strong> apresentação e a distribuição<br />
gráfica. Em textos não-literários, o estilo po<strong>de</strong> não ser tão visível, mas também é<br />
marcado por aspectos que se distanciam da linguag<strong>em</strong> comum recorrente aos<br />
usuários daquele contexto sócio-histórico.<br />
Consi<strong>de</strong>rando a concepção bakhtiniana <strong>de</strong> que “é a expressão que<br />
organiza a ativida<strong>de</strong> mental, que a mo<strong>de</strong>la e <strong>de</strong>termina sua orientação” (BAKHTIN,<br />
2002a, p. 112), o estilo discursivo, mesmo sendo <strong>de</strong> opção individual, origina-se da<br />
situação social mais imediata, num processo <strong>de</strong> interação entre o individual e o<br />
social. Embora essas relações sociais caus<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ráveis influências sobre o<br />
estilo, existe a soberania das intenções do locutor.<br />
Em recentes estudos, Molinié (1989), buscando re<strong>de</strong>finir o objeto da<br />
estilística, afirma que o estilo não diz respeito à substância do conteúdo, ou seja, à<br />
i<strong>de</strong>ologia do autor, mas se relaciona, às vezes, com a substância da expressão, isto<br />
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