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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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locutor citante <strong>de</strong>seja dar à citação. V<strong>em</strong>os que a condição <strong>de</strong> intérprete do discurso<br />

do outro vai além da “tradução” <strong>de</strong> um pensamento já dito, consi<strong>de</strong>rando as<br />

condições <strong>de</strong> produção que são próprias do locutor citante.<br />

129<br />

Como já vimos, <strong>em</strong> tese, o discurso direto confere um maior grau <strong>de</strong><br />

fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao discurso citado, no entanto, na prática, também esse discurso<br />

apresenta um acentuado índice <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong> e condução <strong>de</strong> idéias.<br />

Analisar<strong>em</strong>os, na seqüência, alguns aspectos relativos à forma das<br />

citações, a título <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a construção formal do discurso existente no<br />

corpus.<br />

O uso recorrente das aspas e do itálico, no corpus analisado, segue a<br />

aplicação gramatical comum a eles atribuída, ou seja, são usados para que o leitor<br />

possa i<strong>de</strong>ntificar os limites entre o discurso citante e o discurso citado, o que revela,<br />

basicamente, a busca da palavra <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> para referendar seu<br />

pensamento, b<strong>em</strong> como um distanciamento do discurso do outro, <strong>de</strong>monstrando que<br />

o autor <strong>de</strong>seja informar ao leitor que aquela parte do discurso não pertence a ele.<br />

Como Rub<strong>em</strong> Alves não mantém uma única forma <strong>de</strong> marcar a citação,<br />

indicando graus <strong>de</strong> intencionalida<strong>de</strong> e subjetivida<strong>de</strong> diante do texto citado, a título <strong>de</strong><br />

uma leitura somente estrutural, <strong>de</strong>stacamos três excertos, que <strong>de</strong>monstram esses<br />

usos comuns das aspas e do itálico, retirados das crônicas O Sapo, Bolinhas <strong>de</strong><br />

gu<strong>de</strong>, Lagartas e borboletas. No primeiro caso, o autor fez opção pelo uso das<br />

aspas, no segundo caso, pelo uso do itálico, e, no último ex<strong>em</strong>plo, aparece o uso<br />

concomitante das aspas e do itálico:<br />

Como o disse Fernando Pessoa:<br />

“Sou o intervalo entre o meu <strong>de</strong>sejo e aquilo que os <strong>de</strong>sejos<br />

dos outros fizeram <strong>de</strong> mim”. (AE, p. 34)<br />

Nietzsche também se voltava para as crianças com símbolos<br />

do nosso <strong>de</strong>stino. Pois, <strong>em</strong> suas palavras, a criança é<br />

inocência e esquecimento, um novo princípio, um brinquedo,<br />

um moto contínuo, um primeiro movimento, um Sim sagrado à<br />

vida. (AE, 61)

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