INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Comissão Constitucional do Partido, e que se consubstanciam no Projeto que<br />
ora se apresentará. [grif<strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong>]. 114<br />
No discurso acima, três pont<strong>os</strong> merecem ser destacad<strong>os</strong>. Em primeiro lugar, o esforço<br />
no sentido de caracterizar o PT como <strong>um</strong> partido que representa <strong>os</strong> trabalhadores da cidade e<br />
do campo. Ademais, a ênfase conferida a<strong>os</strong> direit<strong>os</strong> individuais e coletiv<strong>os</strong>. Por fim, a idéia de<br />
controle popular <strong>sobre</strong> o Poder Público. Esse último aspecto relaciona-se diretamente com a<br />
noção de direito de resistência.<br />
É importante ressaltarm<strong>os</strong>, primeiramente, como foi a participação do Partido d<strong>os</strong><br />
Trabalhadores na luta pela instalação de <strong>um</strong>a Assembléia Nacional Constituinte. Conforme<br />
vim<strong>os</strong>, n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> que antecederam a instalação da ANC existia <strong>um</strong> grande anseio por parte de<br />
sociedade brasileira por <strong>um</strong>a Constituinte que se caracterizasse pela liberdade, democracia,<br />
representatividade e participação popular. Para o PT, <strong>um</strong>a Constituinte livre e soberana<br />
somente seria p<strong>os</strong>sível com a participação efetiva d<strong>os</strong> trabalhadores.<br />
Para que a Assembléia não f<strong>os</strong>se apenas <strong>um</strong>a “Constituinte formal”, isto é,<br />
puramente jurídica, mas fundamentalmente política, o PT lutou para que dela<br />
não participassem apenas <strong>os</strong> “polític<strong>os</strong> de profissão”, mas <strong>os</strong> legítim<strong>os</strong><br />
representantes d<strong>os</strong> moviment<strong>os</strong> sociais combativ<strong>os</strong>. Não era hora de<br />
discussões formais e abstratas <strong>sobre</strong> a natureza e finalidade do Parlamento.<br />
O Parlamento, naquela circunstância e etapa histórica da Constituinte, era<br />
<strong>um</strong> instr<strong>um</strong>ento jurídico-político importante para legitimar pelo men<strong>os</strong> <strong>um</strong><br />
mínimo avanço popular. Por isso o Partido d<strong>os</strong> Trabalhadores, sentindo a<br />
necessidade de consolidar ainda mais a mobilização popular em torno de<br />
seus interesses, conferindo-lhe legalidade, sugeriu e lutou combativamente<br />
pela proporcionalidade direta entre o número de eleitores e o direito à<br />
participação de tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> partid<strong>os</strong>. Exemplo dessa luta foi a criação de<br />
conselh<strong>os</strong> consultiv<strong>os</strong> municipais de caráter deliberativo. [...] O PT quis<br />
ampliar ao máximo p<strong>os</strong>sível a discussão entre <strong>os</strong> trabalhadores, para que esta<br />
tivesse <strong>um</strong>a representatividade autêntica e majoritária quando da elaboração<br />
da Nova Carta, tendo em vista as p<strong>os</strong>sibilidades reais de intervenção d<strong>os</strong><br />
trabalhadores no processo, a fim de que se modificassem situações concretas<br />
que afligem diretamente o trabalhador em seu dia-a-dia (GADOTTI &<br />
PEREIRA, 1989, p. 93).<br />
114 Diário da Assembléia Nacional Constituinte. Ano I, nº 55. Brasília – DF, 7 de maio de 1987, pp. 1719-1720.<br />
(ANEXO I)<br />
133