INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
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O PT declara-se comprometido e empenhado com a tarefa de colocar <strong>os</strong><br />
interesses populares na cena política, e de superar a atomização e dispersão<br />
das correntes classistas e d<strong>os</strong> moviment<strong>os</strong> sociais. Para esse fim, o Partido<br />
d<strong>os</strong> Trabalhadores pretende implantar seus núcle<strong>os</strong> de militantes em tod<strong>os</strong> <strong>os</strong><br />
locais de trabalho, em sindicat<strong>os</strong>, bairr<strong>os</strong>, municípi<strong>os</strong> e regiões. O PT<br />
manifesta em alto e bom som sua intensa solidariedade com todas as<br />
massas oprimidas do mundo. [grifo n<strong>os</strong>so]. 135<br />
A solidariedade com as massas oprimidas do mundo, proclamada exatamente na<br />
última frase do doc<strong>um</strong>ento, parece combinar-se com a clássica afirmação do Manifesto<br />
Comunista: “Proletariad<strong>os</strong> de todo o mundo: uni-v<strong>os</strong>”, também proclamada no final do texto.<br />
específica. O PT é resultado de <strong>um</strong>a dinâmica social e não de <strong>um</strong> projeto intelectual, ainda que <strong>os</strong> intelectuais<br />
tenham estado presentes nele desde a sua fundação e ele produzido <strong>um</strong>a reflexão não desprezível <strong>sobre</strong> a<br />
realidade brasileira. Assim, as campanhas ‘em defesa do marxismo’ se chocam com <strong>um</strong>a inevitável pergunta:<br />
qual marxismo?” [grifo no original]. Jorge de Almeida (1991, p. 103), membro da Executiva Nacional do<br />
Partido, explica que “o PT nasceu como <strong>um</strong> partido laico. Mantê-lo assim foi e é correto por <strong>um</strong>a necessidade<br />
política. O PT nasceu plural n<strong>os</strong> aspect<strong>os</strong> fil<strong>os</strong>ófico, político e do ponto de vista de classe. O PT não é <strong>um</strong><br />
partido monoclassista, exclusivamente do proletariado. Por diversas circunstâncias históricas, o PT se constituiu<br />
como <strong>um</strong> partido de classes e setores populares: do operariado industrial a pequen<strong>os</strong> proprietári<strong>os</strong> rurais e<br />
urban<strong>os</strong>, passando por diversas categorias proletárias não industriais, autônom<strong>os</strong>, assalariad<strong>os</strong>, intelectuais e <strong>um</strong><br />
conjunto de setores oprimid<strong>os</strong>. Entre estas circunstâncias históricas, destacam<strong>os</strong> a inexistência de <strong>um</strong> partido<br />
camponês no Brasil; a ausência de <strong>um</strong> partido operário reformista com efetiva base de massas; e <strong>os</strong> equívoc<strong>os</strong> da<br />
esquerda revolucionária n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 60 e 70. O PT avançou, assim, congregando correntes reformistas e<br />
revolucionárias diversas, marxistas ou não, manifestando-se mais recentemente correntes abertamente<br />
anticomunistas. Mas o partido sempre trabalhou com <strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> marxistas. Basta ver doc<strong>um</strong>ent<strong>os</strong>, resoluções,<br />
materiais de formação política e o interesse da n<strong>os</strong>sa militância mais ativa em debater o tema. Concretamente,<br />
apesar de nunca ter-se autodefinido marxista, o PT foi o partido ‘mais revolucionário’ e ‘mais marxista’ – se é<br />
que podem<strong>os</strong> falar assim – da década de 80 em n<strong>os</strong>so país. Mais que aqueles que se afirmam marxistas e<br />
comunistas. Porque, apesar d<strong>os</strong> err<strong>os</strong> cometid<strong>os</strong>, nós compreendem<strong>os</strong> melhor a realidade nacional e internacional<br />
e agim<strong>os</strong> melhor <strong>sobre</strong> ela. Portanto, dizer-se marxista, por si só, não significa muita coisa na política real. Mas<br />
deixar de sê-lo ou passar a ser antimarxista tem tido <strong>um</strong> significado histórico muito importante”. É interessante<br />
observarm<strong>os</strong> que amb<strong>os</strong> enfatizam o aspecto “prático” de atuação do Partido d<strong>os</strong> Trabalhadores, muito mais do<br />
que seu aspecto “teórico”, e sua definição ou não como partido marxista.<br />
135 “Carta de Princípi<strong>os</strong>” assinada pela Comissão Nacional Provisória, em 1º de maio de 1979. Cf. PEDROSA,<br />
Mário. Sobre o PT. São Paulo: CHED, 1980. (Coleção Polêmicas Operárias, nº 11. Série doc<strong>um</strong>ent<strong>os</strong>, nº 2), p.<br />
62.<br />
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