INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
desobedecer à ilegalidade”. O autor não en<strong>um</strong>era modalidades de direito de resistência, mas<br />
indica formas de exercício do referido direito. 32<br />
Murilo de Barr<strong>os</strong> Guimarães (1939, p. 19), após analisar o conceito de lei injusta,<br />
questiona se a resistência a essas leis seria legítima. O autor parece utilizar a expressão<br />
“resistência às leis injustas” como sinônimo de “direito de resistência”. Assim, conceitua da<br />
seguinte forma o instituto: “A resistência às leis injustas é <strong>um</strong>a sanção necessária da<br />
obrigação que cabe ao legislador de fazer leis justas. [...] O direito de resistência se impõe<br />
como <strong>um</strong> p<strong>os</strong>tulado da Justiça, em face da obra arbitrária do legislador”.<br />
Em seguida, Guimarães (1939) examina se o direito de resistência seria realmente <strong>um</strong><br />
direito ou <strong>um</strong> mero fato. O autor conclui que, para aqueles que identificam o direito com a lei,<br />
condenando toda a resistência, esta aparece como <strong>um</strong> simples fato. Por outro lado, aqueles<br />
que admitem a resistência em cas<strong>os</strong> especiais, enquadram-na na ordem do direito. Acolhendo<br />
esta segunda p<strong>os</strong>sibilidade – que a resistência se enquadra na ordem do direito – o jurista<br />
acrescenta que o direito p<strong>os</strong>itivo não poderia consagrar esse princípio, pois isso seria negar-se<br />
a si próprio. E finaliza:<br />
A resistência é a sanção última contra as leis injustas e só deve aparecer<br />
depois de esgotad<strong>os</strong> <strong>os</strong> recurs<strong>os</strong> permitid<strong>os</strong> em lei. A consagração desse<br />
princípio na legislação p<strong>os</strong>itiva seria a negação da ordem jurídica. Abalado o<br />
respeito ao princípio da legalidade, o bem com<strong>um</strong> se ressentiria talvez mais<br />
do que pelo fato da injustiça de <strong>um</strong>a lei particular. A resistência às leis<br />
injustas pertence a essa ordem de direito que fica acima do legislador, a<br />
esse sistema de normas às quais não pode o legislador fugir se quiser fazer<br />
obra eficaz. [...] A resistência às leis injustas é <strong>um</strong> direito que resulta da<br />
ordem natural, a instância última para a qual apelam <strong>os</strong> cidadã<strong>os</strong> em defesa<br />
d<strong>os</strong> princípi<strong>os</strong> da justiça contra <strong>os</strong> abus<strong>os</strong> do legislador. [grif<strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong>]<br />
(GUIMARÃES, 1939, pp. 19-20)<br />
32 De acordo com o autor, a resistência pode ser passiva, legal ou violenta, sendo que a resistência legal é a única<br />
que pode ser considerada <strong>um</strong> direito. “A resistência passiva é sinônimo de desobediência [...]. A legal é a que se<br />
serve de tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> mei<strong>os</strong> de direito, para consecução do seu fim. [...] A resistência violenta, muito ao sabor da<br />
força e da anarquia, é a insurreição, é a guerra civil [...]. Essa espécie de resistência só é compreensível para <strong>os</strong><br />
cas<strong>os</strong> de legítima defesa, contra a tirania, contra <strong>os</strong> desmand<strong>os</strong> pessoais, para salvação da Pátria, ou de <strong>um</strong><br />
regime aceito e acatado pela maioria da Nação.” (MELLO, 1936, p. 98)<br />
31