INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
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Quando, em 1986, aconteceu o assalto ao Banco do Brasil em Salvador,<br />
Bahia, pel<strong>os</strong> “il<strong>um</strong>inad<strong>os</strong>” guerrilheir<strong>os</strong> do PCBR visando conseguir<br />
dinheiro para “financiar a revolução”, novamente a burguesia deitou e rolou<br />
<strong>sobre</strong> o PT, circulando a imagem de “partido irresponsável, perig<strong>os</strong>o, de<br />
louc<strong>os</strong>, sem direção” etc. A direção do Partido d<strong>os</strong> Trabalhadores<br />
deliberadamente expulsou de seus quadr<strong>os</strong> <strong>os</strong> “bandoleir<strong>os</strong> do Leste” e a<br />
imprensa apenas esperou “esfriar” a ênfase dada anteriormente ao fato,<br />
restando na memória do povo apenas o fato isolado e, mais <strong>um</strong>a vez,<br />
casuístico: o assalto ao banco. (GADOTTI & PEREIRA, 1989, p. 78)<br />
Marilena Chauí (1986, p. 64) fala <strong>sobre</strong> “o episódio obscuro de Salvador”, ressaltando<br />
que o acontecimento explicita o problema da “clandestinidade de petistas no e para o PT”.<br />
Não obstante <strong>os</strong> aspect<strong>os</strong> contraditóri<strong>os</strong> desse incidente nunca tivessem sido<br />
suficientemente esclarecid<strong>os</strong>, a identificação d<strong>os</strong> responsáveis como petistas prejudicou o<br />
partido, apesar da condenação do ato pela liderança do PT.<br />
Marilena Chauí, em 1986, explicitava bem a situação <strong>acerca</strong> da “desconfiança” em<br />
relação ao caráter ideológico do PT.<br />
Periodicamente, o PT é convocado para dizer se é ou não bolchevique,<br />
foquista, social-democrata, eurocomunista e se pretende ou não dar início à<br />
insurreição armada que conduzirá do capitalismo ao comunismo. É<br />
cansativo. Mas não é acidental. De fato, a sociedade e a opinião pública<br />
brasileiras estão sob o fogo de duas baterias ideológicas (e estam<strong>os</strong> tomando<br />
a palavra ideologia em seu sentido clássico de ocultamento da realidade<br />
social): a da direita anticomunista, liberal conservadora e liberal progressista,<br />
e a da esquerda comunista (com tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> matizes: leninista, trotskista,<br />
maoísta, guevarista). Ora, nesse campo ideológico, <strong>um</strong>a identificação é<br />
nuclear: a d<strong>os</strong> trabalhadores, enquanto proletariado urbano e rural, e o<br />
comunismo. Donde a convocação periódica e contínua do PT para que diga<br />
se é ou não comunista. (CHAUÍ, 1986, p. 74).<br />
Emir Sader (1986) faz <strong>um</strong> depoimento bastante esclarecedor <strong>acerca</strong> dessa<br />
desconfiança em relação ao caráter ideológico do Partido d<strong>os</strong> Trabalhadores. O autor<br />
demonstra, na passagem abaixo, que o problema não se encontrava na definição de “qual”<br />
seria a ideologia do PT. Na verdade, a crítica recaia <strong>sobre</strong> o próprio fato de o Partido ter <strong>um</strong>a<br />
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