INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O discurso de Cândido Mendes demonstra claramente seu desprezo pelo direito de<br />
resistência. Contudo, seus arg<strong>um</strong>ent<strong>os</strong> são de difícil compreensão, por alguns motiv<strong>os</strong>.<br />
Em primeiro lugar, o exp<strong>os</strong>itor compara o direito de resistência a <strong>um</strong> sup<strong>os</strong>to “direito<br />
de linchamento”. Ora, a resistência não se confunde com o linchamento. Este último termo se<br />
relaciona com <strong>um</strong>a atitude violenta, no sentido de fazer justiça com as próprias mã<strong>os</strong> e contra<br />
qualquer pessoa. A resistência, como vim<strong>os</strong>, comporta <strong>um</strong>a série de variações, não<br />
necessariamente de caráter violento. Ademais, se volta contra as arbitrariedades do poder<br />
político.<br />
Por outro lado, embora seja <strong>um</strong> defensor d<strong>os</strong> direit<strong>os</strong> h<strong>um</strong>an<strong>os</strong>, o que fica claro,<br />
inclusive, na sua biografia e na sua bibliografia, seu p<strong>os</strong>icionamento <strong>acerca</strong> das invasões de<br />
terra é contraditório. Em <strong>um</strong> primeiro momento, critica o MST. Ao final do seu discurso,<br />
parece criticar a investida d<strong>os</strong> policiais contra p<strong>os</strong>seir<strong>os</strong>. E dizem<strong>os</strong> que parece porque,<br />
quando Mendes utiliza a metáfora do Encouraçado Potenquim, não fica claro se ele se opõe,<br />
de fato, a investida d<strong>os</strong> policiais contra <strong>os</strong> p<strong>os</strong>seir<strong>os</strong> ou à atitude de desobediência/resistência<br />
ocorrida no episódio do Encouraçado. A metáfora se torna de difícil compreensão na medida<br />
em que, inicialmente, sua estratégia é de repúdio a<strong>os</strong> Sem-Terra.<br />
Para compreenderm<strong>os</strong> a questão d<strong>os</strong> Sem-Terra na segunda metade da década de 80,<br />
apresentarem<strong>os</strong>, a título exemplificativo, <strong>um</strong> doc<strong>um</strong>ento contemporâneo ao período da<br />
Constituinte. Nele, a Secretara Nacional do MST explica o que é o Movimento d<strong>os</strong><br />
Trabalhadores Rurais Sem-Terra.<br />
187<br />
O Movimento d<strong>os</strong> Sem-Terra é <strong>um</strong>a forma d<strong>os</strong> trabalhadores rurais sem terra<br />
se organizarem na base, dentro do sindicalismo para conquistarem seus<br />
direit<strong>os</strong> específic<strong>os</strong> de terra para trabalhar. As origens do movimento estão<br />
nas lutas pela conquista da terra que começaram a surgir no final da década<br />
de 70 em toda a região Sul [...]. N<strong>um</strong> primeiro momento, houve <strong>um</strong>a<br />
aproximação das várias lutas, com troca de experiências e de idéias. Desse<br />
processo de troca de experiências o amadurecimento das formas de se<br />
organizarem, a partir da luta concreta d<strong>os</strong> trabalhadores, é que foi surgindo o<br />
jeito do movimento se organizar em todo Sul, e depois se ampliar para vári<strong>os</strong>