19.04.2013 Views

INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF

INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF

INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Teoria do Estado e Teoria da Constituição – soberania e federalismo, por exemplo – e utiliza<br />

divers<strong>os</strong> teóric<strong>os</strong> dessas áreas, como León Duguit, Jellineck e Hauriou. Não obstante, existem<br />

também referências a Durkheim e Comte. No âmbito da teoria contratualista, o autor<br />

mencionado é Rousseau. Ademais, divers<strong>os</strong> outr<strong>os</strong> teóric<strong>os</strong> são utilizad<strong>os</strong> na tese.<br />

Embora não p<strong>os</strong>sam<strong>os</strong> classificar o <strong>estudo</strong> de Hermes Lima como sendo liberal e<br />

contratualista – inclusive pelo fato de o jurista rejeitar claramente esses rótul<strong>os</strong> em alguns<br />

precedentes e as conseqüências pareçam ameaçar a tod<strong>os</strong> e estes se convençam de que suas leis, e com elas seus<br />

haveres, liberdades e vidas, correm perigo, e talvez até sua religião, não sei dizer como poderiam ser impedid<strong>os</strong><br />

de resistir à força ilegal usada contra eles. Trata-se de <strong>um</strong> inconveniente, devo confessar, que toca a todo<br />

governo, qualquer que seja, quando <strong>os</strong> governantes levam as coisas ao ponto em que são objeto da desconfiança<br />

geral do povo, o estado mais perig<strong>os</strong>o em que se podem colocar. Tal estado não deve ser motivo para que se<br />

tenha piedade por eles, pois é facilmente evitado, sendo imp<strong>os</strong>sível a <strong>um</strong> governante, se de fato deseja o bem do<br />

povo e a preservação conjunta deste e de suas leis, não demonstrá-lo de alg<strong>um</strong>a forma, assim como é imp<strong>os</strong>sível<br />

a <strong>um</strong> pai de família não deixar transparecer para <strong>os</strong> filh<strong>os</strong> que <strong>os</strong> ama e por eles vela.” (LOCKE. O segundo<br />

tratado <strong>sobre</strong> o governo, XVIII, 209). Segundo Locke, <strong>um</strong>a das hipóteses que levam à dissolução do governo é<br />

quando o legislativo é alterado: “Quando qualquer pessoa, ou pessoas, empreendem a elaboração de leis sem que<br />

o povo as tenha designado para tal, fazem leis sem autoridade, às quais, portanto, o povo não está obrigado a<br />

obedecer. Dessa forma, o povo se vê novamente livre da sujeição, podendo constituir <strong>um</strong> novo legislativo, tal<br />

como julgar melhor, dispondo de plena liberdade para resistir à força daqueles que, sem autoridade, tentassem<br />

impor-lhe qualquer coisa”. (LOCKE. O segundo tratado <strong>sobre</strong> o governo, XIX, 212). O legislativo pode ser<br />

alterado n<strong>os</strong> seguintes cas<strong>os</strong>: quando o príncipe coloca sua própria vontade arbitrária no lugar das leis, que<br />

constituem a vontade da sociedade, expressa pelo legislativo; quando o príncipe impede que o legislativo se<br />

reúna no momento devido ou aja livremente, conforme <strong>os</strong> fins para <strong>os</strong> quais foi constituído; quando, pelo poder<br />

arbitrário do príncipe, <strong>os</strong> eleitores ou <strong>os</strong> procediment<strong>os</strong> eleitorais são alterad<strong>os</strong> sem o consentimento e<br />

contrariamente a<strong>os</strong> interesses comuns do povo; quando se entrega o povo à sujeição de <strong>um</strong> poder estrangeiro,<br />

seja por obra do príncipe ou do legislativo (LOCKE. O segundo tratado <strong>sobre</strong> o governo, XIX, 214-217). Outra<br />

forma de dissolução do governo é quando aquele que detém o poder executivo supremo negligencia e abandona<br />

seu cargo, de maneira que as leis já elaboradas não p<strong>os</strong>sam ser p<strong>os</strong>tas em execução. “Onde as leis não podem ser<br />

executadas é como se não houvesse leis, e <strong>um</strong> governo sem leis é, suponho, <strong>um</strong> mistério político, inconcebível<br />

para a capacidade h<strong>um</strong>ana e incompatível com a sociedade h<strong>um</strong>ana. Neste caso e em outr<strong>os</strong> análog<strong>os</strong>, quando o<br />

governo é dissolvido, o povo se vê livre para prover por si mesmo instituindo <strong>um</strong> novo legislativo, diferente do<br />

outro pela mudança das pessoas ou da forma, ou de ambas, conforme julgar mais adequado à sua segurança e<br />

bem. Pois a sociedade não pode jamais, por culpa de terceir<strong>os</strong>, perder o direito natural e original de preservar-se,<br />

o que só pode ser feito por <strong>um</strong> legislativo estabelecido e <strong>um</strong>a execução justa e imparcial das leis por este<br />

elaboradas. Mas o estado da h<strong>um</strong>anidade não é tão miserável que não seja capaz de usar esse remédio antes que<br />

seja tarde demais para procurar outro. [...] e <strong>os</strong> homens nunca poderão estar protegid<strong>os</strong> da tirania se não houver<br />

mei<strong>os</strong> para escapar dela até a ela estarem inteiramente submetid<strong>os</strong>. E, portanto, é por isso que eles têm não só o<br />

direito de se livrarem dela, como também o de evitá-la. (LOCKE. O segundo tratado <strong>sobre</strong> o governo, XIX,<br />

219-220). Os govern<strong>os</strong> também podem ser dissolvid<strong>os</strong> quando o legislativo ou o príncipe age contrariamente ao<br />

encargo que lhe fora confiado. O legislativo age dessa forma quando tenta violar a propriedade do súdito e fazer<br />

a si, ou a qualquer parte da comunidade, senhor ou árbitro da vida, liberdade ou bens do povo (LOCKE. O<br />

segundo tratado <strong>sobre</strong> o governo, XIX, 221). Nas palavras de Locke, “sempre que tais legisladores tentarem<br />

violar ou destruir a propriedade do povo ou reduzi-lo à escravidão sob <strong>um</strong> poder arbitrário, colocar-se-ão em<br />

estado de guerra com o povo, que fica, a partir de então, desobrigado de toda obediência [grifo n<strong>os</strong>so] e deixado<br />

ao refúgio com<strong>um</strong> concedido por Deus a tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> homens contra a força e a violência. [...] O que disse aqui a<br />

respeito do legislativo em geral é válido também para o executor supremo que, sendo dep<strong>os</strong>itário de <strong>um</strong> duplo<br />

encargo a ele confiado, o de fazer parte do legislativo e o da suprema execução da lei, age contra amb<strong>os</strong> quando<br />

busca estabelecer sua própria vontade arbitrária como lei da sociedade.” (LOCKE. O segundo tratado <strong>sobre</strong> o<br />

governo, XIX, 222). Tanto quando o legislativo é alterado, quando <strong>os</strong> legisladores agem contrariamente ao fim<br />

para o qual foram constituíd<strong>os</strong>, <strong>os</strong> culpad<strong>os</strong> são “culpad<strong>os</strong> de rebelião”. Pois, quando alguém suprime pela força<br />

o legislativo estabelecido de qualquer sociedade e as leis por este formuladas, extingue com isso a decisão com a<br />

qual tod<strong>os</strong> consentiram para <strong>um</strong>a resolução pacífica de suas controvérsias. Eliminando o legislativo estabelecido<br />

37

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!