INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
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PT se distinguiria por ter sido criado “de baixo para cima”, por ter saído das classes<br />
trabalhadoras, e não d<strong>os</strong> mei<strong>os</strong> parlamentares, das classes proprietárias ou do Estado. Alguns<br />
autores, todavia, rejeitam a idéia de ineditismo quando estudam o PT. 127<br />
Outra questão polêmica se refere à ausência de <strong>um</strong>a definição do projeto de socialismo<br />
defendido pelo Partido d<strong>os</strong> Trabalhadores. Falarem<strong>os</strong> brevemente <strong>sobre</strong> este tema no próximo<br />
tópico.<br />
O contexto no qual surgiu o Partido d<strong>os</strong> Trabalhadores – transição democrática, greves<br />
do final da década de 70 –, bem como <strong>os</strong> princípi<strong>os</strong> e prop<strong>os</strong>tas políticas defendidas em seus<br />
doc<strong>um</strong>ent<strong>os</strong> – <strong>um</strong> partido de massas, d<strong>os</strong> trabalhadores, “de baixo para cima” – explicam por<br />
que razão é neste Partido que o tema do direito de resistência aparece. Independentemente do<br />
fato de ser ou não o PT <strong>um</strong>a “novidade” política, a questão é que, naquele momento histórico,<br />
ele procurava se afirmar como <strong>um</strong> partido – ou até mesmo “o” Partido – que estava do lado do<br />
povo, das “massas”. É nesse sentido que a idéia de resistir ou, mais precisamente, de se<br />
insurgir, aparece no Projeto de Constituição em artigo que versa <strong>acerca</strong> da soberania popular.<br />
Podem<strong>os</strong> observar que a idéia de controle popular <strong>sobre</strong> o Poder Público aparece<br />
inclusive na exp<strong>os</strong>ição de motiv<strong>os</strong> feita pelo Partido d<strong>os</strong> Trabalhadores no momento de<br />
apresentação do seu Projeto de Constituição.<br />
Ademais, a constante busca do PT por sua caracterização como <strong>um</strong> partido de lutas –<br />
inclusive com <strong>um</strong>a atuação ligada a<strong>os</strong> moviment<strong>os</strong> sociais – justifica a sua opção por <strong>um</strong>a<br />
“radicalidade” 128 no plano normativo. Muito embora o Partido d<strong>os</strong> Trabalhadores tenha<br />
optado, inicialmente, por <strong>um</strong>a prop<strong>os</strong>ta de atuação mais prática – no plano da ação, da atuação<br />
127 Neste sentido, por exemplo, Francisco Oliveira (1986) e Cláudio Gurgel (1989).<br />
128 “O programa do PT não deve procurar competir em aparente radicalismo com <strong>os</strong> programas d<strong>os</strong> outr<strong>os</strong><br />
partid<strong>os</strong>; onde ele deve ser radical é na prop<strong>os</strong>ição de <strong>um</strong> programa que revele o grau de articulação entre sua<br />
prop<strong>os</strong>ta e as reivindicações-prop<strong>os</strong>tas que emanam das classes sociais que pretende representar e que<br />
despontam n<strong>os</strong> vári<strong>os</strong> moviment<strong>os</strong> sociais. Essa é sua radicalidade. Certamente há <strong>um</strong>a tensão que é real e<br />
também ideológica entre a visão de futuro que <strong>um</strong> partido necessariamente tem e o realismo que expresse sua<br />
objetiva articulação com <strong>os</strong> moviment<strong>os</strong> sociais que busca representar.” [grif<strong>os</strong> no original] “Comissão Nacional<br />
Provisória do Movimento Pró-PT”, assinado em São Paulo, em 10 de fevereiro de 1980. Cf. PEDROSA, Mário.<br />
Sobre o PT. São Paulo: CHED, 1980. (Coleção Polêmicas Operárias, nº 11. Série doc<strong>um</strong>ent<strong>os</strong>, nº 2), p. 89.<br />
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