INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
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doc<strong>um</strong>ent<strong>os</strong> que deram origem ao Partido d<strong>os</strong> Trabalhadores, já é p<strong>os</strong>sível identificarm<strong>os</strong><br />
element<strong>os</strong> que remetem a <strong>um</strong> socialismo não muito bem definido. A passagem abaixo,<br />
retirada da “Carta de Princípi<strong>os</strong>”, primeiro doc<strong>um</strong>ento oficial do PT, ilustra bem esta questão.<br />
O PT não pretende criar <strong>um</strong> organismo político qualquer. O Partido d<strong>os</strong><br />
Trabalhadores define-se programaticamente como <strong>um</strong> partido que tem como<br />
objetivo acabar com a relação de exploração do homem pelo homem. O<br />
PT define-se também como partido das massas populares, unindo ao lado<br />
d<strong>os</strong> operári<strong>os</strong>, vanguarda de toda população explorada, tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> outr<strong>os</strong><br />
trabalhadores – bancári<strong>os</strong>, professores, funcionári<strong>os</strong> públic<strong>os</strong>, comerciári<strong>os</strong>,<br />
bóias-frias, profissionais liberais, estudantes, etc – que lutam por melhores<br />
condições de vida, por efetivas liberdades democráticas, e por participação<br />
política. O PT afirma seu compromisso com a democracia plena exercida<br />
diretamente pelas massas, pois não há socialismo sem democracia, e nem<br />
democracia sem socialismo. [grif<strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong>]. 132<br />
Na “Carta” encontram<strong>os</strong> a afirmação de que “o Partido d<strong>os</strong> Trabalhadores entende que<br />
a emancipação d<strong>os</strong> trabalhadores é obra d<strong>os</strong> própri<strong>os</strong> trabalhadores”. 133 Trata-se de <strong>um</strong>a frase<br />
de Karl Marx. A idéia de “relação de exploração do homem pelo homem”, por sua vez,<br />
constitui <strong>um</strong>a formulação marxista bastante utilizada. Se unirm<strong>os</strong> a essas frases o conceito de<br />
operário como “vanguarda de toda população explorada” e a defesa de que “não há socialismo<br />
sem democracia, e nem democracia sem socialismo” tem<strong>os</strong>, em <strong>um</strong>a breve passagem do<br />
doc<strong>um</strong>ento, referências a Marx e a<strong>os</strong> seus discípul<strong>os</strong>, bem como <strong>um</strong>a defesa contundente do<br />
socialismo. 134 Em seguida, encontram<strong>os</strong> a seguinte passagem:<br />
132 “Carta de Princípi<strong>os</strong>” assinada pela Comissão Nacional Provisória, em 1º de maio de 1979. Cf. PEDROSA,<br />
Mário. Sobre o PT. São Paulo: CHED, 1980. (Coleção Polêmicas Operárias, nº 11. Série doc<strong>um</strong>ent<strong>os</strong>, nº 2), p.<br />
61.<br />
133 “Carta de Princípi<strong>os</strong>” assinada pela Comissão Nacional Provisória, em 1º de maio de 1979. Cf. PEDROSA,<br />
Mário. Sobre o PT. São Paulo: CHED, 1980. (Coleção Polêmicas Operárias, nº 11. Série doc<strong>um</strong>ent<strong>os</strong>, nº 2), p.<br />
59.<br />
134 A questão do marxismo no PT é debatida em livro que publica as comunicações daqueles que participaram da<br />
Mesa-Redonda nacional “O PT e o Marxismo”, realizada em São Paulo n<strong>os</strong> dias 2, 3 e 4 de ag<strong>os</strong>to de 1991, em<br />
preparação ao 1 º Congresso do Partido d<strong>os</strong> Trabalhadores. Na apresentação da obra já encontram<strong>os</strong> a afirmação<br />
de que a p<strong>os</strong>tura pluralista que orientou a organização da mesa-redonda e, conseqüentemente, da publicação,<br />
decorre da compreensão de que o PT é <strong>um</strong> partido “laico”, sem fil<strong>os</strong>ofia “oficial”. Marco Aurélio Garcia (1991,<br />
p. 82) aponta para o fato de que o marxismo não é a única “ideologia” presente no interior do PT: “Para o debate<br />
congressual do PT <strong>um</strong>a preocupação fundamentalista com o marxismo apresenta <strong>um</strong> duplo inconveniente. A<br />
busca do ‘verdadeiro’ marxismo, distinto do ‘falso’, obrigaria o partido a definir que instância resolveria esta<br />
questão. A segunda dificuldade decorre do fato de o PT não ser <strong>um</strong> partido marxista. No seu interior convivem<br />
marxism<strong>os</strong> junto com outras ideologias ou com militantes que não reivindicam nenh<strong>um</strong>a filiação ideológica<br />
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