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INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF

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As referências ao marxismo, especificamente, e ao socialismo, de forma geral,<br />

aparecem em outr<strong>os</strong> doc<strong>um</strong>ent<strong>os</strong>. 136 Contudo, bastam esses exempl<strong>os</strong> para term<strong>os</strong> <strong>um</strong>a noção<br />

do tema.<br />

Cláudio Gurgel (1989, p. 121) constata que “por toda sua existência o PT vem<br />

convivendo com o que parece ser <strong>um</strong>a deliberada indefinição do seu conceito de socialismo”.<br />

Após apontar divers<strong>os</strong> element<strong>os</strong> e expressões contid<strong>os</strong> n<strong>os</strong> doc<strong>um</strong>ent<strong>os</strong> de criação do PT que<br />

o identificariam como <strong>um</strong> partido socialista, Gurgel (1989, p. 122) constata que, n<strong>os</strong> mesm<strong>os</strong><br />

doc<strong>um</strong>ent<strong>os</strong>, “o Partido introduz conceit<strong>os</strong> e se propõe a atitudes pouco típicas d<strong>os</strong> partid<strong>os</strong><br />

comunistas, referências tradicionais do socialismo científico.” Gurgel conclui que “estas<br />

ambigüidades, encontradas no conjunto d<strong>os</strong> text<strong>os</strong> básic<strong>os</strong> do PT, alimentaram por quase <strong>um</strong>a<br />

década a suspeição interna e externa de que, na melhor das hipóteses, estava-se diante de <strong>um</strong><br />

partido de caráter indefinido.” E acrescenta:<br />

O PT, na verdade, movimentou-se de modo cambiante, no equilíbrio<br />

precário de suas tendências ideológicas. Encaminhou-se, entretanto, sempre<br />

tangido pel<strong>os</strong> moviment<strong>os</strong> sociais, que de fato constituíram seu conteúdo e<br />

seu ritmo. Ademais, por maiores e muito variadas que f<strong>os</strong>sem suas correntes,<br />

tod<strong>os</strong> estavam à esquerda. No seu “saco de gat<strong>os</strong>”, tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> gat<strong>os</strong> são<br />

matizes do vermelho. De certo modo é p<strong>os</strong>sível dizer que houve<br />

constantemente mais pont<strong>os</strong> comuns do que distâncias entre <strong>os</strong> “xiitas” e <strong>os</strong><br />

“ligths”, denominações simplistas, de amplo uso externo, com que se passou<br />

a designar a “esquerda” e a “direita” do PT. (GURGEL, 1989, p. 125)<br />

Além d<strong>os</strong> doc<strong>um</strong>ent<strong>os</strong> oficiais do Partido, durante a década de 80 divers<strong>os</strong> polític<strong>os</strong><br />

petistas e intelectuais – geralmente também partidári<strong>os</strong> do PT – debateram o caráter socialista<br />

do Partido. Um ponto bastante discutido se refere a qual o socialismo defendido pelo PT, já<br />

136 Por exemplo, no “Manifesto do PT”, no “Pont<strong>os</strong> para a Elaboração do Programa” e no “Programa do PT”. No<br />

doc<strong>um</strong>ento da “Comissão Nacional Provisória do Movimento Pró-PT” – assinado em São Paulo, em 10 de<br />

fevereiro de 1980 – em <strong>um</strong> tópico “<strong>sobre</strong> a concepção de programa do PT”, encontram<strong>os</strong> o seguinte texto: “Em<br />

primeiro lugar, o PT nem pode nem deve ter em seu programa algo que se assemelhe a <strong>um</strong> programa de<br />

governo para quando o partido chegue ao poder. Precisamente porque a prop<strong>os</strong>ta do PT não é administrar o<br />

capitalismo e suas crises sup<strong>os</strong>tamente em nome da classe trabalhadora. O PT sabe – seus militantes sabem e as<br />

bases sociais que lhe dão apoio sabem – que na atual correlação de forças não chegará ao poder; e quem chegue<br />

ao poder nesse contexto terá a tarefa de tentar perpetuar o regime de dominação de classes.” [grif<strong>os</strong> no original].<br />

Cf. PEDROSA, Mário. Sobre o PT. São Paulo: CHED, 1980. (Coleção Polêmicas Operárias, nº 11. Série<br />

doc<strong>um</strong>ent<strong>os</strong>, nº 2), p. 87.<br />

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