INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
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sua relação com o movimento operário. Entretanto, além d<strong>os</strong> trabalhadores, outr<strong>os</strong> element<strong>os</strong><br />
constituíram a base inicial do partido: a esquerda organizada, ativistas católic<strong>os</strong>, polític<strong>os</strong><br />
progressistas, intelectuais e representantes de outr<strong>os</strong> tip<strong>os</strong> de moviment<strong>os</strong> sociais.<br />
Não obstante, Margaret Keck compreende que:<br />
foram <strong>os</strong> víncul<strong>os</strong> com <strong>um</strong> movimento cada vez mais autônomo e poder<strong>os</strong>o<br />
d<strong>os</strong> sindicat<strong>os</strong> brasileir<strong>os</strong> em prol de mudanças substantivas que favoreceram<br />
a legitimidade inicial do PT, bem como sua capacidade de <strong>sobre</strong>vivência,<br />
apesar de <strong>um</strong>a conjuntura política adversa. (KECK, 1991, p. 17)<br />
Falando <strong>sobre</strong> a “novidade” representada pelo PT, J<strong>os</strong>é Álvaro Moisés (1986, p. 183)<br />
ressalta a relevância de ter o Partido surgido (1) “como fruto da luta de resistência d<strong>os</strong><br />
trabalhadores à ditadura”; (2) “como resultado de <strong>um</strong> amplo movimento de massas que, não<br />
só envolveu a milhões de trabalhadores, como se defrontou abertamente com a política das<br />
classes dominantes expressas no Estado”; (3) “como iniciativa de <strong>um</strong> conjunto de lideranças<br />
que, a partir da sua prática sindical, reconheceu as insuficiências dessa prática para<br />
transformar a sociedade e admitiu claramente a necessidade de articular <strong>um</strong>a organização<br />
política nacional”. Moisés acrescenta que foram essas características que fizeram do PT “<strong>um</strong>a<br />
prop<strong>os</strong>ta de partido aberto, amplo, democrático e de lutas” e, ao mesmo tempo, <strong>um</strong> partido<br />
“colado a<strong>os</strong> moviment<strong>os</strong> sociais” [grifo no original]<br />
Desde o início de sua organização, o Partido d<strong>os</strong> Trabalhadores vem sendo encarado<br />
por grande parte d<strong>os</strong> estudi<strong>os</strong><strong>os</strong> como <strong>um</strong>a grande novidade política na história do Brasil. 126 O<br />
modelo de desenvolvimento econômico que só a eles interessa e que se baseia <strong>sobre</strong>tudo na super-exploração das<br />
massas trabalhadoras, através do modelo econômico de onde <strong>sobre</strong>ssai o arrocho salarial. [...] Em poucas<br />
palavras, pretendem promover <strong>um</strong>a conciliação entre <strong>os</strong> ‘de cima’, incluindo a cúpula do MDB, para impedir a<br />
expressão política d<strong>os</strong> ‘de baixo’, as massas trabalhadoras do campo e da cidade.” Cf. PEDROSA, Mário. Sobre<br />
o PT. São Paulo: CHED, 1980. (Coleção Polêmicas Operárias, nº 11. Série doc<strong>um</strong>ent<strong>os</strong>, nº 2), pp. 55-56.<br />
126 Neste sentido, J<strong>os</strong>é Álvaro Moisés (1986), Emir Sader (1986), Rachel Meneguello (1989), Moacir Gadotti &<br />
Otaviano Pereira (1989), Margaret E. Keck (1991). Esta última inicia sua obra <strong>sobre</strong> o PT com a afirmação de<br />
que se trata de <strong>um</strong> <strong>estudo</strong> de <strong>um</strong>a “anomalia”. E acrescenta: “Desde o início, tanto <strong>os</strong> que apoiavam quanto <strong>os</strong><br />
que atacavam o PT reconheceram que o partido representava <strong>um</strong>a nova experiência na história política brasileira.<br />
A esquerda do espectro político legal no Brasil fora tradicionalmente ocupada por partid<strong>os</strong> populistas dirigid<strong>os</strong><br />
pelas elites ou pelo Partido Comunista, durante o seu breve período de legalidade, em mead<strong>os</strong> da década de 40.<br />
Até então não havia surgido nenh<strong>um</strong> partido a partir das bases, contando com <strong>um</strong> forte apoio da classe operária e<br />
tendo <strong>um</strong>a parte considerável de sua liderança originária do movimento operário.” (KECK, 1991, p. 14)<br />
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