19.04.2013 Views

INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF

INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF

INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

parlamentar. Se correlacionarm<strong>os</strong> esse fator com a derrota da reforma agrária na Constituinte,<br />

e com o perfil d<strong>os</strong> membr<strong>os</strong> da ANC, podem<strong>os</strong> crer que a questão da terra foi <strong>um</strong> d<strong>os</strong> motiv<strong>os</strong><br />

que levaram <strong>os</strong> constituintes a rechaçarem o discurso de Genoíno <strong>sobre</strong> a resistência.<br />

No capítulo anterior, observam<strong>os</strong> que, embora a maioria d<strong>os</strong> parlamentares tenha se<br />

auto-definido como sendo de “centro”, suas opções <strong>acerca</strong> de temas pontuais demonstram o<br />

seu perfil mais “conservador”, ou mais à “direita”. No caso mais específico da reforma<br />

agrária, ressalte-se que ela não obteve êxito ao final d<strong>os</strong> trabalh<strong>os</strong> da Assembléia, não<br />

obstante sua grande aceitação pel<strong>os</strong> constituintes, em princípio.<br />

Esse comportamento contraditório fica bastante claro na passagem abaixo, na qual<br />

Alfredo B<strong>os</strong>i fala <strong>sobre</strong> o conservadorismo da burguesia agrária no Brasil.<br />

O resultado dessa extensão foi, e tem sido, a notória guinada conservadora<br />

que as burguesias agrárias operam sempre que alg<strong>um</strong>a sombra de ameaça se<br />

divisa no seu horizonte. Tem<strong>os</strong> exempl<strong>os</strong> bastantes de <strong>um</strong> discurso<br />

ultraliberal de direita para não estranharm<strong>os</strong> essa química. Ainda neste 1988,<br />

<strong>um</strong> líder do chamado “centrão” junto à Assembléia Nacional Constituinte<br />

jactava-se de ser reacionário em política, mas anárquico em economia:<br />

abaixo a interferência do Estado, tudo para a iniciativa privada! [grifo no<br />

original] (BOSI, 1992, p. 211).<br />

Em obra na qual J<strong>os</strong>é Gomes da Silva (1989, p. 14) “procura reunir as observações<br />

que acompanharam o dia-a-dia d<strong>os</strong> <strong>debates</strong> em torno da Reforma Agrária na Assembléia<br />

Nacional Constituinte” e que, segundo o autor, “pretende oferecer <strong>um</strong> retrato evolutivo de<br />

mais esta luta pela modificação do regime de p<strong>os</strong>se e uso da terra agrícola no Brasil”, a<br />

importância de <strong>um</strong>a legislação <strong>sobre</strong> a reforma agrária é enfatizada. 184<br />

184 Nas palavras do autor: “a Reforma Agrária (RA), pelas modificações que determina na estrutura da sociedade,<br />

exige respaldo legal no mais alto nível da ordenação jurídica do país onde é realizada. Essa a razão pela qual as<br />

constituições precisam ser devidamente adaptadas como <strong>um</strong> primeiro passo no desencadeamento do processo.<br />

Abrem, assim, o caminho para que leis complementares e ordinárias, decret<strong>os</strong>, portarias, instruções e toda a<br />

seqüência de disp<strong>os</strong>itiv<strong>os</strong> reguladores disponham <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> detalhes que o processo agro-reformista deve<br />

obedecer.” (SILVA, 1989, p. 13)<br />

196

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!