INTRODUÇÃO Faremos um estudo sobre os debates acerca ... - UFF
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pelo exp<strong>os</strong>itor na passagem acima a partir de sua obra intitulada A Inconfidência Brasileira: a<br />
nova cidadania interpela a Constituinte, datada de 1986. Nessa obra, o autor tem como<br />
objetivo “refletir” <strong>sobre</strong> o empenho da Comissão Provisória de Estud<strong>os</strong> Constitucionais – a<br />
Comissão Afonso Arin<strong>os</strong> – em analisar as expectativas da sociedade brasileira, com o fim de<br />
incorporá-las ao projeto de Constituição. Percebe-se que Cândido Mendes tem, aqui, <strong>um</strong>a<br />
visão bastante p<strong>os</strong>itiva do trabalho da “Comissão de Notáveis”, entendendo que ela estaria, de<br />
fato, sendo sensível às exigências da sociedade brasileira.<br />
Contudo, se, por <strong>um</strong> lado, Mendes (1986, pp. II-III) compreende que “por detrás d<strong>os</strong><br />
intelectuais, ai estão as pegadas de <strong>um</strong> questionamento popular sem precedentes”, mais<br />
adiante dá <strong>um</strong>a declaração que sugere <strong>um</strong>a organização da sociedade pelo alto: “não<br />
tínham<strong>os</strong>, ainda, na n<strong>os</strong>sa cultura política, esse cenário novo a preparar a reflexão<br />
constitucional: o de <strong>um</strong>a inteligência à busca de <strong>um</strong> modelo ideal que defina, na sua<br />
coerência, o que pode ser <strong>um</strong>a nova Carta Magna”.<br />
Em seu livro, Cândido Mendes enfatiza especialmente o tema d<strong>os</strong> direit<strong>os</strong> h<strong>um</strong>an<strong>os</strong>.<br />
Constantemente, faz menção às constituições européias e à constituição norte-americana.<br />
Ademais, realiza diversas incursões no campo do direito internacional. Embora o tema d<strong>os</strong><br />
direit<strong>os</strong> sociais também seja abordado na obra, o autor demonstra <strong>um</strong>a clara preferência por<br />
trabalhar com a questão d<strong>os</strong> direit<strong>os</strong> individuais, que prevalece em todo o seu texto.<br />
Um ponto a ser considerado no discurso de Cândido Mendes é a crítica ao direito de<br />
resistência com o arg<strong>um</strong>ento de que este serviria de defesa para as ações d<strong>os</strong> sem-terra. O<br />
exp<strong>os</strong>itor procura ressaltar o problema das invasões de terra. Aparentemente, o locutor da<br />
mensagem não aprova “manifestações de resistência”. Todavia, esse p<strong>os</strong>icionamento não se<br />
combina com a declaração feita na Inconfidência Brasileira, na qual Mendes critica a<br />
passividade existente na cultura brasileira. Ressalte-se, novamente, que o texto é<br />
contemporâneo ao período da Constituinte.<br />
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