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Sobre a atuação do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Viçosa durante a década de 80, as informações nos foram cedidas pelo próprio José Antônio Rodrigues Dias. Consideramos conveniente transcrevê-las na íntegra: Resumindo, nos anos 80, um grupo de pessoas, preocupadas com a violação dos mais elementares Direitos Humanos, como moradia, alimentação, cidadania, educação, enfim, o Direito à vida, resolveu criar o Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Viçosa, a fim de lutar contra as desigualdades sociais. Para que obtivéssemos mais força, nos unimos a outras dezenas de entidades afins, espalhadas pelo Brasil, e constituímos o Movimento Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (MNDDH). Dividimos o país em diversas regiões. Sob a responsabilidade do CDDH de Viçosa ficou a Regional Leste 2, que abrangia os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. A sua atuação se dava, em primeiro lugar, diretamente a quem violava aquele direito reconhecido. Em seguida, se aquele caso não fosse resolvido, a denúncia era feita ao MNDDH que imediatamente pressionava os órgãos competentes, e o resultado era bem satisfatório. 97 Sobre o funcionamento do CDDH de Viçosa durante o período da Assembléia Nacional Constituinte, José Antônio Dias nos informa que: No período da Constituinte de 1988, discutimos vários temas, entre nós e as comunidades, que pudessem ser adicionados à nova Constituição, e eu tive a grata satisfação de ser convidado a apresentá-los na Subcomissão dos Direitos e Garantias Individuais. O resultado foi muito bom. 98 Acrescentou, ainda, que, na região de Viçosa, o CDDH teria atuado em várias comunidades rurais e favelas, “levando projetos de cidadania, sempre ao lado dos que se encontravam à margem das decisões sociais”. 99 Em exemplar do Jornal “Folha da Mata”, datado de 02 de junho de 1984, encontra-se reportagem com o seguinte título: “Presidente do CDDH de Viçosa representa Minas no Conselho Ecumênico Nacional dos Direitos Humanos”. No documento, encontramos a informação de que, nos dias 26 e 27 de maio de 1984, em Belo Horizonte, havia se realizado o 97 José Antônio Rodrigues Dias através de mensagem eletrônica, via Internet. 98 José Antônio Rodrigues Dias através de mensagem eletrônica, via Internet. 99 José Antônio Rodrigues Dias através de mensagem eletrônica, via Internet. 110
II Encontro de Centros de Defesa dos Direitos Humanos de Minas Gerais, no qual havia participado o CDDH de Viçosa, representado pelo seu presidente José Antônio Rodrigues Dias, além de outros membros. O evento fora patrocinado pela Comissão Pastoral de Direitos Humanos de Minas Gerais e pelo CDDH de Betim. Segundo relato de José Antônio Rodrigues Dias, que consta no documento, os temas abordados no Encontro foram os seguintes: Direitos Humanos à Luz do Evangelho – com discussões embasadas em fundamentos teológicos, tratando de pontos “que possam permitir o desencadeamento de uma ampla luta a favor dos direitos humanos” – Reforma Agrária – onde foram analisadas as “possibilidades de serem utilizadas, para tanto, áreas públicas e terras improdutivas e devolutas da Nação, aproveitando espaços do Estatuto da Terra, ora em vigor e com base em experiência de Teófilo Otoni, onde se conseguiu um amplo avanço neste setor” – Questão da Cidadania – onde foi proposta a elaboração de uma cartilha “de alcance popular”, a ser distribuída principalmente nos bairros de periferia, com o intuito de conscientizar a população sobre “o abuso da autoridade e da violência, propondo que ela mesma aprenda por si a clamar por seus direitos” – e Perspectivas Política Atuais, onde, para a maioria dos participantes do Encontro “foi aprovada a Emenda Figueiredo-Leitão, propondo diretas em 1988 e, como saída para se evitar o continuísmo, as oposições lançarão candidato único no Colégio Eleitoral”. Em 11 de maio de 1985, a “Folha da Mata” trouxe uma reportagem sobre a cassação do Frei Leonardo Boff, que ficou proibido de falar por um ano. Sobre o tema, José Antônio Rodrigues Dias disse em entrevista que “o ponto de partida da proibição foram D. Eugênio Sales e D. Karl Romer, seu auxiliar, ambos da linha ultra-reacionária”. E continua: “Estes hierarcas já vêm tentando, há muito, impedir o trabalho de teólogos, bispos e padres junto às bases”. E acrescentou, por fim, quando perguntado sobre como ficaria a situação de Leonardo Boff: “Ele sempre foi muito bem recebido pelo povo, o que despertava uma espécie de ciúmes 111
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