Revista do TRT 6 Nº 40
Artigos, doutrina e jurisprudência do TRT da 6ª Região - Pernambuco
Artigos, doutrina e jurisprudência do TRT da 6ª Região - Pernambuco
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ACÓRDÃOS • <strong>Revista</strong> <strong>TRT</strong> 6<br />
causalidade) sofrimento moral ou angústia (dano), aspectos esses liga<strong>do</strong>s à<br />
personalidade. Para caracterizar a responsabilidade civil, é mister, portanto,<br />
a coexistência <strong>do</strong> ato ilícito, <strong>do</strong> dano e <strong>do</strong> nexo causal entre eles.<br />
No que concerne à primeira conduta, a testemunha trazida a<br />
Juízo pelo reclamante confirmou que era comum fazer uma movimentação<br />
<strong>do</strong> automóvel no sistema diferente da sua situação real. Todavia, essa postura<br />
não corresponde a ato ilícito nem ensejou sofrimento ou angústia, além de<br />
ir de encontro aos próprios objetivos de controle de produtividade da<br />
recorrida, de mo<strong>do</strong> que não pode ser a ela imputada. Não há, pois, dano<br />
moral a ser repara<strong>do</strong> por esse motivo.<br />
A segunda atitude foi rechaçada pela recorrida, a qual aduz ter<br />
solicita<strong>do</strong> a presença <strong>do</strong> recorrente para entrega da CTPS, mas ele não<br />
compareceu nem entrou em contato. Nos termos <strong>do</strong> art. 333, I, <strong>do</strong> CPC,<br />
subsidiariamente aplica<strong>do</strong> ao Processo Trabalhista por autorização <strong>do</strong> art.<br />
769 da CLT, era <strong>do</strong> recorrente o ônus de provar a referida conduta e o<br />
dano causa<strong>do</strong>, encargo este <strong>do</strong> qual não se desincumbiu. Ao contrário,<br />
demonstrou em seu depoimento a irrelevância desse acontecimento, ao<br />
dizer “que ajuizou a presente ação postulan<strong>do</strong> indenização por dano moral,<br />
ten<strong>do</strong> em vista que se sentiu ofendi<strong>do</strong> por ter se senti<strong>do</strong> acusa<strong>do</strong> de roubo de<br />
02 veículos que desapareceram da Reclamada...que esses foram os únicos<br />
motivos pelos quais postula indenização por dano moral (...)” .<br />
Quanto à terceira situação, a gravação “SP0000” utilizada como<br />
prova (fl. 63) evidencia em diversos trechos que os funcionários da recorrida<br />
não o acusaram de subtrair os veículos, mas sim de ser responsável pelo<br />
desaparecimento <strong>do</strong>s automóveis, no senti<strong>do</strong> de ter si<strong>do</strong> a última pessoa a<br />
movimentá-los no sistema. Apesar de reconhecer o teor constrange<strong>do</strong>r<br />
dessa conversa, observo também que a atitude da empresa correspondeu<br />
ao exercício regular <strong>do</strong> seu poder diretivo de controle sobre o trabalho,<br />
pois, desaparecen<strong>do</strong> <strong>do</strong>is carros movimenta<strong>do</strong>s pelo recorrente, bastante<br />
natural o desejo de obter explicações dele.<br />
As condutas da empresa não corresponderam, então, a atos<br />
ilícitos que expuseram o ofendi<strong>do</strong> a situações humilhantes, não haven<strong>do</strong>,<br />
pois, como deferir a indenização pleiteada.<br />
Sen<strong>do</strong> assim, nego provimento ao recurso, no particular.<br />
Da alegada ofensa ao Princípio da Ampla Defesa.<br />
Por fim, registro que a fundamentação acima não viola<br />
quaisquer dispositivos constitucionais, inclusive o Princípio da Ampla<br />
Defesa, pois foram assegura<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os meios de defesa ao recorrente.<br />
186