Revista do TRT 6 Nº 40
Artigos, doutrina e jurisprudência do TRT da 6ª Região - Pernambuco
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<strong>Revista</strong> <strong>TRT</strong> 6 • SENTENÇAS<br />
não se reproduzem <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong>, com a mesma extensão, com a<br />
mesma intensidade, com os mesmos detalhes, razão porque o debate<br />
jurídico não pode ser suprimi<strong>do</strong> pela posição a<strong>do</strong>tada por poucos<br />
ilumina<strong>do</strong>s, engessan<strong>do</strong> o conhecimento jurídico e não propician<strong>do</strong> a<br />
revisão através <strong>do</strong> debate que se processa na jurisprudência e pela<br />
<strong>do</strong>utrina. A ciência jurídica é dialética e como tal não comporta regras<br />
rígidas de aplicação, porque está diretamente ligada a filosofia, a<br />
sociologia, a antropologia, a história, etc., importan<strong>do</strong> sempre em sua<br />
discussão a idéia de valores, que se expressam dentro de cada sentimento<br />
humano de forma diferenciada, necessitan<strong>do</strong> <strong>do</strong> debate eterno, para<br />
que cresça como forma de expandir conhecimentos. E a água que<br />
alimenta a flor para que um dia se torne a mais bela de todas. O<br />
intérprete <strong>do</strong> direito jamais pode se recusar ao debate de idéias, de<br />
sopesar valores e princípios, de olhar dialeticamente para cada caso em<br />
concreto e verificar dentro <strong>do</strong> ordenamento jurídico qual a norma a<br />
ser aplicada, conceden<strong>do</strong>-lhe uma interpretação valorativa. A<br />
interpretação estática de uma norma jurídica aprisiona a criatividade e<br />
a inteligência humana, sufocan<strong>do</strong> o crescimento da imaginação e <strong>do</strong><br />
conhecimento.<br />
A verdadeira segurança jurídica não é aquela expressa pelos<br />
julgamentos uniformes, mas pela confiança expressa pela sociedade,<br />
pela forma como o julga<strong>do</strong>r se esforçou através <strong>do</strong> processo cognitivo<br />
para aproximar a verdade processual da verdade real e para analisar<br />
cada caso, diante das peculiaridades que cada um se apresenta ao mesmo.<br />
A chamada paz social não pode ser obtida pelo travamento<br />
<strong>do</strong> conhecimento e da imaginação humana, colmatan<strong>do</strong><br />
comportamentos ditos aceitáveis pelo sistema. A paz social só será<br />
efetivamente alcançada quan<strong>do</strong> o ser humano fizer uma viagem<br />
introspectiva sobre si mesmo e quan<strong>do</strong> se abrir para o próximo, através<br />
<strong>do</strong> dialogo, <strong>do</strong> amor e da compreensão de que to<strong>do</strong>s somos passageiros<br />
de uma mesma nau, com os mesmos sonhos, as mesmas angústias e a<br />
mesma esperança.<br />
O sistema não mais nos permite pensar, porque não lhe<br />
interessa pessoas com visão cosmopolita e que questionem seus<br />
paradigmas e suas verdades. Ridiculariza, com a ajuda da imprensa,<br />
aqueles que ousam enfrentar em debate seus modelos rígi<strong>do</strong>s de moral,<br />
de paz social, de mo<strong>do</strong> de viver, de organização política e social, de<br />
produção, alienan<strong>do</strong> mentes e multiplican<strong>do</strong> capital para uma minoria<br />
de privilegia<strong>do</strong>s. O sistema fulminou no processo histórico com os<br />
intelectuais orgânicos, que sedimentaram no mun<strong>do</strong> a visão marxista<br />
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