12.01.2017 Views

Revista do TRT 6 Nº 40

Artigos, doutrina e jurisprudência do TRT da 6ª Região - Pernambuco

Artigos, doutrina e jurisprudência do TRT da 6ª Região - Pernambuco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Revista</strong> <strong>TRT</strong> 6 • SENTENÇAS<br />

Sob tal ótica, não podemos deixar de verificar o que nos<br />

reporta o magistra<strong>do</strong> João Baptista Herkenhoff, que assim se reporta,<br />

ao analisar o papel a ser desempenha<strong>do</strong> pelos juízes:<br />

“ [...] um poeta, alguém que morre de <strong>do</strong>res<br />

que não são suas, alguém que vive o drama <strong>do</strong><br />

processo, alguém capaz descer às pessoas que<br />

julga, alguém que capta os sentimentos e<br />

aspirações da comunidade, alguém que incorpora<br />

na sua alma e na própria vida a fome de justiça<br />

<strong>do</strong> povo a que serve. Diverso deste paradigma é<br />

o juiz distante, alheio – burocrata no senti<strong>do</strong><br />

pejorativo – cuja pena se torna para ele um peso,<br />

não por sentir as <strong>do</strong>res que não são suas, mas<br />

pelo enfa<strong>do</strong> de julgar; pela carência <strong>do</strong> idealismo<br />

e da paixão que tornariam seu ofício uma<br />

aventura digna da dedicação de uma existência”.<br />

Para este autor, o juiz é alguém que percebe a ligação <strong>do</strong><br />

direito com os demais saberes, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de uma vasta cultura e sempre<br />

preocupa<strong>do</strong> com as consequências de suas decisões.<br />

Esse julga<strong>do</strong>r sensível, segun<strong>do</strong> lições de Lídia <strong>do</strong>s Reis<br />

Almeida Pra<strong>do</strong>- que vive em sintonia com o sofrimento, alegria e anseio<br />

da sociedade para a qual trabalha – faz lembrar de um hexagrama que<br />

entre os chineses é sinônimo de paz e que é forma<strong>do</strong> por três linhas<br />

inteiras sobre três interrompidas: simboliza o masculino que sustenta<br />

o feminino, o animus e a anima. Assim, esse símbolo da convivência<br />

<strong>do</strong> Yin e <strong>do</strong> Yang reflete um milenar sistema filosófico-religioso, que<br />

reconhece tanto as diferenças de gênero, como a respectiva coexistência.<br />

Diante <strong>do</strong> pensamento da ilustre articulista, o equilíbrio<br />

entre esses arquétipos, bem utiliza<strong>do</strong> pelo juiz, lhe facilita no alcance<br />

da aplicação da justiça e no entendimento mais complexo da realidade<br />

que o cerca.<br />

Daí porque, na primeira definição de João Batista<br />

Herkenhoff, o primeiro juiz trabalha constantemente com o valor <strong>do</strong><br />

direito, enquanto fonte viva de produção da justiça. Já o segun<strong>do</strong>,<br />

trabalha com palavras empoeiradas de um direito extremamente<br />

positiva<strong>do</strong> e cego que não acompanha a luz que ilumina a evolução das<br />

fontes materiais que reclama pela aplicação mais atualizada de uma<br />

interpretação mais próxima a esta evolução. Tal norma estagnada no<br />

285

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!