Oração Contra Leócrates - Universidade de Coimbra
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Li c u r g O: O O ra d O r e a s u a c i rc u n s t â n c i a<br />
nas diversas cida<strong>de</strong>s gregas é a “liberda<strong>de</strong> colectiva” <strong>de</strong><br />
que a pólis dispõe 353 ; para gozar <strong>de</strong>ssa “liberda<strong>de</strong>” todo<br />
o cidadão tem <strong>de</strong> assumir a sua responsabilida<strong>de</strong> total,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do exercício <strong>de</strong> qualquer cargo<br />
público: responsabilida<strong>de</strong> ética <strong>de</strong> cada um perante<br />
todos e cada um dos restantes cidadãos, mas também<br />
responsabilida<strong>de</strong> histórica perante a memória dos que<br />
morreram para preservar a liberda<strong>de</strong> que a pólis tanto se<br />
orgulha <strong>de</strong> possuir 354 .<br />
19.31. Uma tal responsabilida<strong>de</strong> implica a teoria<br />
e a prática, por todos os cidadãos livres <strong>de</strong> Atenas, <strong>de</strong><br />
uma série <strong>de</strong> valores que ninguém, em obediência aos<br />
seus interesses privados, se po<strong>de</strong> atrever a quebrar:<br />
respeito (eusébeia) pelos <strong>de</strong>uses imortais, quer pelos<br />
<strong>de</strong>uses tutelares da cida<strong>de</strong> em geral, quer pelos <strong>de</strong>uses<br />
privados, protectores <strong>de</strong> cada oîkos; pieda<strong>de</strong> (hosía), no<br />
sentido do latim pietas, para com os progenitores 355 ;<br />
orgulho (philotimía) pela pátria ateniense 356 .Todos estes<br />
valores foram <strong>de</strong>srespeitados por <strong>Leócrates</strong>: ofen<strong>de</strong>u os<br />
<strong>de</strong>uses imortais ao mandar buscar as suas imagens <strong>de</strong><br />
Atenas para Mégara; pelo mesmo motivo, e também<br />
por ter cortado, por assim dizer, as relações com a sua<br />
cida<strong>de</strong> ao mandar ven<strong>de</strong>r todos os seus bens em Atenas<br />
para investir todo o dinheiro conseguido numa cida<strong>de</strong><br />
estrangeira, po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se que ele renegou os seus<br />
353 V. acima, 19.17.<br />
354 C. Leocr., § 59.<br />
355 Em relação a este ponto, v. a história do jovem siciliano, em<br />
c. Leocr., §§ 95-96.<br />
356 C. Leocr., § 15.<br />
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