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Oração Contra Leócrates - Universidade de Coimbra

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J. A. Segurado e Campos<br />

13.4. Já Blass notara, com pertinência, que<br />

Licurgo, que se refere inúmeras vezes à fuga <strong>de</strong> <strong>Leócrates</strong><br />

como um acto <strong>de</strong> alta traição, não se dá ao trabalho<br />

<strong>de</strong> mandar ler o parágrafo do nómos eisaggeltikós que<br />

po<strong>de</strong>ria servir <strong>de</strong> fundamento legal à sua acusação.<br />

Alguns artigos <strong>de</strong>ssa lei são-nos conhecidos pela<br />

citação que <strong>de</strong>les faz Hiperi<strong>de</strong>s na oração em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong><br />

Euxenipo. Dois <strong>de</strong>les, pelo menos, pareceriam <strong>de</strong> fácil<br />

aplicação ao caso <strong>de</strong> <strong>Leócrates</strong>: num <strong>de</strong>creta-se que a<br />

acusação pública é <strong>de</strong> justiça contra qualquer cidadão<br />

que “atraiçoe a cida<strong>de</strong>, (ou entregue ao inimigo) navios,<br />

ou tropas terrestres ou marítimas” 180 ; a forma verbal que<br />

traduzimos por “atraiçoe” é prodôi, do verbo prodídômi<br />

“atraiçoar, entregar à traição”. Ora suce<strong>de</strong> que Licurgo<br />

emprega no seu discurso este verbo nada menos do<br />

que 34 vezes, e a par <strong>de</strong>le usa os substantivos prodótês<br />

“traidor” 26 vezes, e prodosía “traição” 13 vezes.<br />

Na lei também se contempla o caso daqueles<br />

que <strong>de</strong> alguma forma agirem directa ou indirectamente<br />

com vista ao <strong>de</strong>rrube do regime <strong>de</strong>mocrático 181 . Ora<br />

Licurgo também acusa <strong>Leócrates</strong> <strong>de</strong> ter atentado<br />

contra a <strong>de</strong>mocracia 182 . Parece assim que a acusação<br />

<strong>de</strong> <strong>Leócrates</strong> podia, portanto, consi<strong>de</strong>rar-se estribada<br />

na própria lei que regulamenta a acusação pública 183 .<br />

180 Hiperi<strong>de</strong>s, Defesa <strong>de</strong> Euxenipo, 8.<br />

181 Hiperi<strong>de</strong>s, ibi<strong>de</strong>m.<br />

182 C. Leocr., 147; cf. 124, 125.<br />

183 Por isso mesmo, po<strong>de</strong> concluir-se do estudo <strong>de</strong> N. Andriolo<br />

que a acusação, “pur essendo basata su un accanimento personale più<br />

che su leggi concrete, rientrava nel quadro <strong>de</strong>l ‘nomos eisangeltikos’”<br />

(v. Ann. Phil., 73, 2002)<br />

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