Oração Contra Leócrates - Universidade de Coimbra
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Licurgo<br />
149. O meu propósito é proteger a pátria,<br />
os seus cultos e as suas leis; cumpri o meu <strong>de</strong>ver<br />
escrupulosamente e em obediência à justiça, não<br />
injuriei o comportamento privado <strong>de</strong>ste homem, não<br />
me referi a nada excepto o que estava consignado no<br />
acto <strong>de</strong> acusação 144 . Cada um <strong>de</strong> vós <strong>de</strong>ve ter presente<br />
ao espírito que absolver <strong>Leócrates</strong> equivale a con<strong>de</strong>nar<br />
a pátria à morte e à servidão. No tribunal há apenas<br />
duas urnas, uma é a da traição à pátria, outra a da<br />
sua salvação, uma receberá os votos pela <strong>de</strong>struição,<br />
outros os votos pela segurança e pela prosperida<strong>de</strong> da<br />
nossa cida<strong>de</strong> 145 .<br />
150. Se absolver<strong>de</strong>s <strong>Leócrates</strong>, estareis a votar<br />
pela traição à cida<strong>de</strong>, aos santuários e aos navios <strong>de</strong><br />
Atenas, se o con<strong>de</strong>nar<strong>de</strong>s à morte, pelo contrário,<br />
assegurareis a <strong>de</strong>fesa e a salvação da pátria, a<br />
conservação dos seus recursos e a sua prosperida<strong>de</strong>.<br />
Imaginando, assim, Atenienses, que são os campos e<br />
as árvores que vos suplicam, os portos, os estaleiros<br />
e as muralhas da cida<strong>de</strong> que vos pe<strong>de</strong>m, os templos<br />
e os sacrários que solicitam o vosso auxílio, fazei<br />
<strong>de</strong> <strong>Leócrates</strong> um exemplo, passai em revista todos<br />
144 Note-se como Licurgo, na peroração do seu discurso, volta a<br />
acentuar que apenas tratou <strong>de</strong> matérias pertinentes para o caso em<br />
julgamento, sem digressões inúteis inseridas apenas para distrair<br />
os juízes da matéria importante sobre que terão <strong>de</strong> pronunciar-se.<br />
Sobre o “acto <strong>de</strong> acusação” v. supra, § 28.<br />
145 V. Boegehold, 1995, pp. 209 ss. Uma <strong>de</strong>ssas urnas recebe os<br />
votos <strong>de</strong> absolvição, a outra os votos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nação. Licurgo imagina<br />
que os votos <strong>de</strong> absolvição (<strong>de</strong> <strong>Leócrates</strong>) equivalem à <strong>de</strong>struição<br />
dos valores cívicos que distinguem Atenas, enquanto os votos <strong>de</strong><br />
con<strong>de</strong>nação (<strong>de</strong> <strong>Leócrates</strong>) significam a preservação <strong>de</strong>sses valores.<br />
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