Oração Contra Leócrates - Universidade de Coimbra
Oração Contra Leócrates - Universidade de Coimbra
Oração Contra Leócrates - Universidade de Coimbra
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
J. A. Segurado e Campos<br />
económica <strong>de</strong> consequências também significativas.<br />
Salientemos apenas, pelo que toca a Atenas, alguns<br />
pontos: a revolta <strong>de</strong> 411 108 , a restauração da <strong>de</strong>mocracia<br />
em 404-3 109 , a crise dos cereais que conduziu à lei<br />
<strong>de</strong> 374 110 . Mas não po<strong>de</strong>mos esquecer a perda da<br />
hegemonia <strong>de</strong> Esparta em proveito <strong>de</strong> Tebas 111 , as<br />
contínuas escaramuças, quando não a guerra aberta<br />
entre estas cida<strong>de</strong>s, a intervenção <strong>de</strong> outras zonas da<br />
Grécia nesses conflitos pela supremacia, como sejam o<br />
caso <strong>de</strong> Corinto, da Fócida e da Lócrida, do Epiro, <strong>de</strong><br />
Delfos – e das chamadas “guerras sagradas” 112 em que<br />
cada cida<strong>de</strong> ou cada região pretendia aliciar em proveito<br />
próprio o significado religioso do santuário <strong>de</strong> Apolo.<br />
Se o fim da hegemonia espartana permitiu a Atenas<br />
108 Tratou-se <strong>de</strong> uma revolta oligárquica, dita “a revolução<br />
dos Quatrocentos”, cujo mentor i<strong>de</strong>ológico foi, <strong>de</strong> acordo com<br />
Tucídi<strong>de</strong>s, o orador Antifonte. Sobre esta revolução v. Tucídi<strong>de</strong>s,<br />
VIII, 68, 1-2; cf.a propósito R. Cohen, La Grèce..., p. 272; L.<br />
Gernet, introdução à edição <strong>de</strong> Antifonte (coll. Budé), pp. 3-4; J.<br />
B. Bury, Hist., p. 489 (o <strong>de</strong>sânimo que se apo<strong>de</strong>rou <strong>de</strong> Atenas após<br />
o fracasso da expedição à Sicília, 490 (participação <strong>de</strong> Antifonte),<br />
493 (propósitos dos oligarcas).<br />
109 O governo dos Quatrocentos durou pouco mais <strong>de</strong> três<br />
meses; a facção mais radical dos oligarcas foi afastada, e durante<br />
algum tempo vigorou uma oligarquia mo<strong>de</strong>rada. Em 410 os<br />
<strong>de</strong>mocratas, com o apoio da esquadra estacionada em Samos,<br />
repôs em vigor a constituição <strong>de</strong> Clístenes, a qual, atravessando<br />
várias crises (processos “das Arginusas”, <strong>de</strong>rrota final na guerra do<br />
Peloponeso em 405, governo dos Trinta imposto por Esparta, queda<br />
dos Trinta e restauração da <strong>de</strong>mocracia em 404-403), perdurou até<br />
aos tempos <strong>de</strong> Alexandre da Macedónia.<br />
110 Sobre a crise dos cereais v. adiante 12.6.<br />
111 Em seguida à batalha <strong>de</strong> Leuctros, em 371, na qual Esparta<br />
foi <strong>de</strong>rrotada por Tebas.<br />
112 V. J. B. Bury, o.l., pp. 698-701.<br />
44